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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Watching The River Flow - Steve Gadd (Live Under The Sky 87)

Paul Simon - Still Crazy After All These Years

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Ocupações de desocupados

Uma das grandes vantagens de pedalar é conhecer a cidade no ritmo que o ciclista desenvolve. Se não tem pressa, ele pode admirar as ruas e a arquitetura, sentir os cheiros (muitas vezes desagradáveis como o da urina espalhada pelo Centro de São Paulo, ou deliciosos como o de uma churrascaria na hora do almoço ou de uma Dama da Noite) e perceber detalhes curiosos que se estivesse dirigindo um carro, por exemplo, não notaria. Foi o que me aconteceu numa tarde desta última semana de novembro de 2011.
Subindo uma travessa da Alameda Barros, em Higienópolis, vi um grupo do MST acampado na sede do Incra. Foi uma situação inusitada. Primeiro, o Incra que, teoricamente, deveria cuidar de reforma agrária, está instalado num dos bairros nobres de São Paulo, bem longe das áreas de conflito. Segundo, o grupo fazia um protesto absolutamente ignorado pela vizinhança e pela imprensa. Algumas faixas e bandeiras do movimento do sem terra dentro da sede do Incra e olhe lá.
Nova subida, desta vez até o espigão da Paulista. Outro protesto: a versão paulistana do Ocupe Wall Street. Nada a ver. O assunto virou tema do Profissão Repórter, que foi conferir de perto os acampamentos em Nova York, Atenas e Londres, além da revolta egípcia, no Cairo.Uma pauta interessante.
Nos EUA e na Europa, as manifestações contra o sistema financeiro são mais midiáticas e folclóricas do que eficientes. Os investidores não deixaram de aplicar nas bolsas, não houve corridas aos bancos e a  resistência dos acampados lembrou os tempos que os sem terra tinham uma ligeira simpatia das populações urbanas.
No Brasil, que adora mimetizar este tipo de movimento (Woodstock I, Live Aid, Woodstock II viraram inspiração para Iacanga, Rock in Rio, SWU, cada vez mais comerciais, apesar do apelo pela sustentabilidade, que soa como discurso no Congresso para uma plateia bêbada/drogada), o Ocupe Paulista é um reflexo tardio do Fora FMI das décadas de muita dívida externa e moratória. Na mesma avenida, os bancos estão mais preocupados com a decoração de Natal. Grandes beneficiários da política econômica dos últimos governos de FHC a Dilma, os banqueiros só vão sentir medo quando houver perda de confiança no sistema e os correntistas resolveram sacar suas poupanças na mesma hora. Talvez o alvo ideal para o tímido protesto que rola na Paulista deveria ser bem mais longe. Brasília, por exemplo.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Gil no Equipe

Estou lendo Nada Será Como Antes - MPB Anos 70 30 anos depois (390 páginas, editora Senac Rio), da jornalista carioca Ana Maria Bahiana, uma das mais respeitadas da área cultural. Ela traz reportagens e perfis de diversos artistas: Chico, Milton Nascimento, Raul Seixas, Egberto, Hermeto, Ney Matogrosso, Rita Lee, Caetano, Erasmo Carlos, Secos e Molhados, Pepeu, Arnaldo Baptista,entre outros.
Não resisti e resolvi copiar trechos da entrevista com Gilberto Gil, feita logo depois de um conturbado show no Equipe, colégio onde estudava. Na época, causou polêmica a discussão entre o artista e alguns espectadores, que cobravam uma posição política mais firme de Gil diante das manifestações estudantis contra a ditadura militar, em 1977. Ele tinha acabado de lançar o álbum Refavela. Então, vamos até a página 90. Com a palavra Gilberto Gil Passos Moreira.
"Desde que voltei da Inglaterra, com insinuações mais ou menos evidentes e frequentes de que estaria alienado, de que teria abdicado de uma posição de combate e não sei o quê. Na época do Refazenda, já teve isso e, mesmo antes, na época do Expresso 2222, a macrobiótica era fuga e tudo. Quer dizer, isso já vem esse tempo todo, e vem já como reflexo do tropicalismo, que foi assim o movimento da grande desconfiança conosco, comigo principalmente. Essas coisas são ecos daquela época, na verdade coisas como as que aconteceram no Equipe há um mês e pouco [a reportagem original foi publicada no O Globo, de 10/7/77], em São Paulo, pareciam repetições daquelas coisas do Tuca, em 1968.
(...) Essas coisas do Equipe foram assim a deflagração desssa onda mais recente. (...) Fui fazer um show, assim , com o violão, sozinho. E na semana tinha havido uma passeata, ocorrido muitas prisões de estudantes em São Paulo, todas aquelas coisas de novo: gás lacrimogêneo, e correria, e aquela coisa. Isso tinha sido numa quinta-feira e eu fui cantar no sábado, num colégio que é, tradicionalmente, um centro de vitalidade estudantil muito grande. Todo mundo conhece a tradição do Equipe como um lugar de vida estudantil intensa e bonita, muito bonita, é um dos lugares mais bonitos de São Paulo como colégio, como reunião de jovens [O Equipe funcionava na R. Martiniano de Carvalho, na Bela Vista]. E eles, alguns, assumiram a atitude de porta-vozes dessas áreas de contestação ao meu trabalho, áreas de discussão. Alguns tentaram abrir uma discussão aberta no meio do show comigo, uma discussão política a fim de exigir de mim posições em relação a essas coisas, quer dizer, em relação ao movimento estudantil, à repressão do sistema, à ineficácia dos planos econômicos do governo, um bocado de coisas que eu não estava ali para isso. Coisas que eu não me sentia na obrigação de responder porque eu tinha ido ali cantar, quer dizer, zelar pelo mito da arte, do exercício dessa arte. Essa é que era a minha função ali e tentei mostrar isso.
Houve discussões muito grandes, provocações e insatisfação de alguns na plateia: alguns jornalistas que também eram, digamos assim, representantes desse tipo de atitude, no dia seguinte abriram páginas contra mim me acusando de nazista...Bom, primeiro me acusando de todas essas outras coisas, escapismo, conformismo, e , já com uma certa novidade semântica, de ditador, de nazismo, que eu estaria utilizando técnicas nazistas de domínio da plateia, coisas assim bem desesperads, por tentar levar o público a cantar as músicas que eu cantava, por tentar exatamente reproduzir uma atmosfera ritualística, de disposição de todos para estarem juntos em torno de algo, ou seja, o dado religioso que é exatamente uma coisa que eu persigo, que eu gosto, que eu busco, e que eles identificavam como nazismo. Daí surgiu essa coisas.
(...) O artista está mais intensamente, digamos assim, ligado ao fato político, mas em essência, ele não está mais ou menos ligado que as outras pessoas. Ele está tão ligado quanto as outras pessoas. A não ser em casos específicos de artistas que são dublês de artistas e políticos também. Aí já é uma outra coisa. São artistas que fazem a arte mas que são políticos, ou seja, fazem política e utilizam a música ou a arte que fazem como um instrumento auxiliar desse trabalho político. O que não é o meu caso. "
Ana - "Já foi alguma vez?"
Gil - "Nunca chegou a ser propriamente". (....) 
Ana - Então o que houve, em essência, foi um conflito de concepções até de tempo?"
Gil - "É, de concepções, de posições...É natural que eles estejam na que estão: é uma questão de posição, meu nego. Você estão discutindo comigo uma questão de posição, vocês estão numa posição e eu estou em outra. Dessa posição, evidentemente, você vê o mundo assim, dessa outra posição, eu vejo o mundo assado. Então é isso, vocês estão nessa posição. Também não acho que vocês me condenem por estar na outra. eu já estive nessa que vocês estão, quer dizer, eu sei o que é isso, não estou condenando, eu sei o que é, portanto, vivam isso, tá legal, tudo bem, Eu posso até voltar a estar nessa, eu não estou dizendo que essas posições são estáticas, irreversíveis, separadas. Elas todas estão em interação o tempo todo, é uma estrutura atômica, elétrons, prótons, as pessoas girando e se interagindo ali. Não dá pra gente ficar separando, você estar certo agora, está errado, esse tipo de coisa que...você sabe como é...é muito confuso, confuso..."

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Ano sabático

Acho curiosa a expressão "ano sabático". Geralmente, quem se dá ao luxo de parar um ano são artistas que preferem dar um tempo nas novelas para se dedicar ao teatro, ao cinema etc ou ministros, principalmente os da área econômica, que resolvem entrar em quarentena para não configurar uma relação espúria com o governo que acabam de deixar. Sim, tem outros exemplos, mas o sentido é o mesmo.
No meu caso, ano sabático é um castigo. Estou à véspera de completar oito meses sem trabalho remunerado (há algumas semanas comecei uma deliciosa experiência como voluntário da Fundação Dorina Nowill). Parei de chorar sobre isso. Não comovi ninguém, embora não negue a ajuda de alguns amigos e conhecidos na tentativa de acabar com esta situação. Sou apenas um número na estatística dos desempregados.
Estou cada vez mais decidido a mudar de profissão. Esta estúpida insistência em querer ganhar a vida fazendo o que mais gosto não tem futuro. Sem desmerecer o mérito de boa parte dos colegas da minha geração, hoje, deveria estar ocupando um cargo de chefia, exercendo uma diretoria, só me preocupando em fazer relações públicas,  talvez dirigindo alguma assessoria de imprensa ou coisa parecida. Não foi isso que consegui. Admito que fracassei no sentido convencional de crescer profissionalmente, construir um belo patrimônio e fazer bonito na fotografia. Admito também que dei vários tiros no próprio pé, que sou uma pessoa de difícil relacionamento, mesmo tendo demonstrado competência no trabalho ao longo dos anos.
Esperava ter trabalho no mês passado, quando fiz aniversário. Seria um grande presente. Esperava estar no mesmo trabalho que estava até o final de março. Era gratificante  por combinar esporte, história e jornalismo, três das minhas maiores paixões. Ainda tenho fé que, com a chegada do Natal e de um novo ano, as coisas mudem e que o ano sabático seja apenas uma lembrança do passado.

domingo, 13 de novembro de 2011

Melhor que qualquer método de autoajuda

Eu procurava fazer um trabalho voluntário há muito tempo. Não por modismo ou por pressão de outras pessoas. Nada disso. Neste país cheio de carências, que governos e entidades não conseguem dar conta, o mínimo que posso fazer é contribuir de alguma forma para diminuir estas deficiências.
Agora, como disponho de tempo livre em abundância - afinal, são mais de sete meses sem trabalho profissional - , resolvi colocar este plano em prática. O primeiro passo foi escolher uma entidade. No caso, a Fundação Dorina Nowill, referência mundial na educação e reabilitação de pessoas cegas ou com baixa visão. Em 2009, ao lado de Wagner Belmonte, entrevistei uma das pessoas mais extraordinárias que conheci, a  própria Dona Dorina, que faleceu no ano passado, aos 91 anos. A entrevista está no site www.ricardoxavier.com.br.
O site da fundação,  http://www.fundacaodorina.org.br/, informa como se tornar um voluntário. Por e-mail, fui convidado para uma palestra e uma visita pelo prédio que fica na Vila Clementino, bem próximo da estação Santa Cruz do metrô. A palestra dada por vários voluntários e funcionários da Fundação e a visita duram cerca de duas horas. Só não comecei a trabalhar lá no dia seguinte por não ter o diploma do Centro de Voluntariado de São Paulo (http://www.voluntariado.org.br/) , exigência da organização. Sem problemas.
Marquei  pelo telefone 3284 7171 para ver a palestra no Centro, que funciona na Av. Paulista, no edifício que tem uma agência Personnalité em frente à Fiesp.
Foi uma ótima experiência. A palestra dada pelo voluntário Franco dura 1h30. Bem humorado, ele dá o recado sem perder a seriedade de como deve ser encarado o trabalho voluntário. No mural, vi outras oportunidades. Uma delas, a de trabalhar no MAM, do Ibirapuera. Sai da Paulista e fui para o parque.De bicicleta fica bem mais fácil. Infelizmente, meu início foi adiado para janeiro, quando serão necessários novos voluntários para a primeira exposição de 2012.
Voltei para a Fundação Dorina Nowill e, agora, de posse do diploma do Centro de Voluntariado de São Paulo, preenchi um contrato e finalmente, fui aceito. No primeiro dia, o cabalístico 11/11/2011, deveria ter recebido um grupo de alunos do Colégio Imaculada Conceição que pisou na bola. Não avisou que faltaria ao compromisso. Nem por isso deixei de prestar algum serviço. Ajudei uma professora que trabalha em Guarulhos e Arujá a conhecer um pouco mais sobre o trabalho da Fundação. Depois, fui ao bazar, onde fui instalado numa mesa com computador para lançar as notas fiscais numa planilha de Excel. Um trabalho fácil,mas não menos importante. Estava com vários dias acumulados devido à ausência de um companheiro, que está com pé engessado. Deixei tudo pronto em pouco tempo.
As receitas do bazar ajudam na manutenção dos serviços prestados pela organização. Há produtos que custam R$ 1, como um DVD, até objetos mais caros como um instrumento musical de R$ 1.800,00, que felizmente foi vendido. Também há roupas, móveis, brinquedos, objetos de decoração, produtos de papelaria, informática, utilidades domésticas, calçados, armações de óculos (baratíssimas), entre outros.O bazar vai funcionar nos moldes atuais até o final do ano e é uma ótima opção de compras de presentes para o Natal. Em janeiro, será reformado e virará um outlet de multimarcas, uma das "punições" aplicadas pela Justiça à empresária Tânia Bulhões. Ela iria para a cadeia por crimes fiscais, mas o juiz teve o bom senso de utilizar a expertise (não a esperteza) de Tânia neste e em outro trabalho voluntário, uma sala para um curso de perfumaria para deficientes visuais. A sentença deve estar mexendo para melhor a cabeça da empresária.
Deve ser a mesma sensação de prazer que tive no meu primeiro dia. Ocioso profissionalmente, voltei a me sentir útil. Mais do que um livro de autoajuda, só precisei de pouco mais de 4h30 para elevar a autoestima. Repito, só faz bem. Por isso, recomendo a todos. Os passos estão dados. Podem me seguir. As exigências básicas são tempo, vontade e dedicação. Eu recomendo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Autorretrato aos 51 anos

Sou um dos últimos filhos do Baby Boom, a geração que vai do fim da II Guerra Mundial, em 1945, até 1960. Naquele ano, o presidente do Brasil era Jânio Quadros. Um ano depois, renunciaria ao cargo e abriria caminho para a ditadura militar. Em 1960, os Beatles ainda não haviam estourado, fato que só aconteceria em 1962.  Milton Nascimento era um adolescente que completava 18 anos. Darcy Ribeiro comemorou 38 anos em 1960. O grande guitarrista e arranjador Mário Manga tinha apenas cinco aninhos. O meu amigo arquiteto Marcos Cartum nascia no mesmo dia que eu. 26 de outubro também é a data da inauguração da Estátua da Liberdade, que só conheço de filmes e fotos.
Como no ano passado, quando cheguei aos 50, infelizmente, não vou poder fazer a festa que gostaria. Tal como nesta ocasião, estou aguardando oportunidades de trabalho. Agora,  já são sete meses de procura, espera e nãos. Apesar de estar razoavelmente bem de saúde (ontem mesmo, "só" pedalei 33 km e joguei futsal) e de ter uns trinta anos de experiência na área jornalística, não consigo retornar ao mercado. Boa parte disso atribuo ao meu gênio. Reconheço que sou um cara difícil. Tenho procurado melhorar muito este defeito de fabricação. Outras razões são a idade, a concorrência com gente nova e mais barata (às vezes, mais capacitada) e a falta de vagas. Sou um péssimo político/diplomata. Nunca me encaixei nas panelinhas e hoje pago por este comportamento arredio. Tenho mais de 600 amigos no Facebook e mais de 100 no Orkut, mas poucos estão realmente preocupados com a minha situação. Alguns foram de grande ajuda. Não vou dar nomes aos bois para não fazer injustiça, mas eles podem ter certeza da minha gratidão.
Como muitos da minha geração, fracassei na construção de um patrimônio sólido e no encontro de uma estabilidade profissional. Dois cursos superiores não foram suficientes para chegar a um patamar digno de orgulho para a família, mas principalmente para mim. A sensação de inutilidade é muito forte. Para fugir da depressão, ontem, participei de uma palestra na Fundação Dorina Nowill, da qual espero tornar-me  um voluntário. As chances são grandes.
Aproveito para agradecer todas as mensagens que recebi pelo meu aniversário. São vitaminas para meus futuros 51 anos (se chegar lá).

MILTON nascimento - nada será como antes

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Cenas Paulistanas - O aprendiz de funcionário. e a Lusa

Noite surpreendentemente fria de 18 de outubro de 2011. Depois de jogar futsal (2 vitórias, 1 derrota humilhante e vários chutes nas traves), parei minha bicicleta (total de 48 km de pedaladas) num supermercado. Enquanto estava no caixa, presenciei a reclamação de um jovem funcionário. Um cliente não havia gostado do embrulho para presente que ele havia feito e foi embora. O rapaz comentou a cena com o caixa. Ele disse que não era contratado para aquele serviço, que não era EMBRULHISTA.
Voltando para casa, ouvi no rádio um daqueles momentos históricos e emocionantes do futebol. No Canindé, a Portuguesa vencia o Vitória  e dez minutos antes de acabar a partida, a torcida da Lusa decidiu acabar com um protesto que já durava três anos. Para comemorar a classificação para a Série A, colocou as faixas, que neste tempo estavam colocadas de cabeça para baixo, no lado certo. Tal como o Juventus, a Portuguesa é o segundo time de muitos torcedores das grandes equipes paulistanas. Confesso que fiquei emocionado com a volta da Lusa para a divisão principal do futebol brasileiro. Em casa, vi o compacto do jogo vencido de virada por 3 x 2,  e o choro do técnico Jorginho "Cantinflas", que anos atrás perdeu um filho e agora, está com a mãe numa CTI. Até uma pedra choraria junto.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Jeff Beck with Stanley Clarke - Scatterbrain / Rock 'N' Roll Jelly (Live)

herbie hancock - george duke - stanley clark

Stewart Copeland Rhythmhatist pt. prima

Pra minha filha australiana

Há exatos 29 anos, eu vivi um dos momentos mais felizes da minha vida. Era pai pela primeira vez. Graças a Deus e ao meu querido médico, Dr. Ferreira, Stela veio ao mundo  com saúde. Foi um parto longo e dolorido. Que o diga a mãe Koio, que também me deu outra filha, a também linda Diana.
A maternidade homeopática que funcionava na rua Tucuna, na Pompeia não existe mais. A comida era ótima.  O atendimento excelente. Ficamos lá menos de 24 horas. O parto de cócoras foi um sucesso. Participei cortando o fio umbilical e "ajudando" o obstetra, contando piadas e rindo do sofrimento alheio. É bem verdade que levei uma coleção de Pasquim, que trouxe da biblioteca da ECA, para passar o tempo e soltar altas gargalhadas a ponto de ser expulso do quarto.
Stela nasceu numa noite quente e estrelada de uma segunda-feira. Logo corri para um orelhão na Afonso Bovero para comunicar a boa notícia à família. Naquele final de ano, sairia formado da USP com um hoje inútil diploma de bacharel em rádio e televisão. Já trabalhava como coordenador de rede do Jornal da Band. Sete meses antes já havia colaborado decisivamente para dar um "furo" - a notícia do início da Guerra das Malvinas.
29 anos depois, Stela continua linda e saudável, agora independente, mas bem longe dos pais, na distante Austrália.Felizmente, existe a tecnologia que nos aproxima via computador e diminui as saudades. É um grande presente.
Hoje, não tenho a coleção do Pasquim por perto (o CQC e o Pânico da época, com a diferença de ser muito mais inteligente,engraçado e genial, afinal tinha Millôr, Paulo Francis, Ivan Lessa, Henfil e Jaguar, entre os craques).  Além do inútil diploma da USP, tenho o de jornalismo da Cásper Líbero. No momento, de pouquíssima utilidade. Exemplo disso é, que há uma semana, perdi dois trabalhos. Um, que dava como certo na Gazeta Doc, e o outro, que não contava mesmo devido à dificuldade da seleção, que era na TV Cultura.Bem que gostaria de dar notícias mais felizes como a da noite de 4 de outubro de 1982. Fico devendo essa, Stela. Um beijão pra você.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sem saída

O primeiro e-mail que li nesta manhã ensolarada da última quarta-feira de setembro foi deprimente. Com elegância, uma funcionária da Fundação Cásper Líbero agradeceu o meu interesse por uma vaga na Gazeta Doc, mas anunciou que ela já foi preenchida. Na prática, significa que vou continuar desempregado por mais algum tempo. Se nada mudar até o dia 1º de outubro, o ciclo (má fase, maré baixa ou qualquer eufemismo que se aplique no caso) completará seis meses. Frustrante.
Na semana passada, "comemorei' 30 anos de jornalismo com a quase certeza de que iria ocupar a vaga do saudoso Walter Pimentel na Gazeta Doc. Só faltava a assinatura do diretor para dar andamento ao processo. Dancei.
Já fazia planos de trocar de carro, de comprar uma nova geladeira, de programar férias. Mais do que isso, sabia que minha ansiedade diminuiria bastante, que as dores provocadas por uma hérnia de disco suavizariam e que minha autoestima voltaria a subir. Já era.
Estou prestes a fazer 51 anos. Apesar da minha endocrinologista pegar no meu pé por causa de alguns números negativos, estou com uma disposição física excelente. Pedalo no mínimo 30 km por dia. Ontem, foram 41 km e ainda joguei futsal à noite. A volta foi por uma ladeira de quase 600 m. Procuro ficar sempre bem atualizado. Praticamente, não saio da internet. Tenho uma memória invejável. Nada disso ajuda. Tento não jogar a toalha, mas começo o Ano Novo Judaico de 5772 na maior merda. Shaná Tová para todos. Que venham melhores notícias!

JEFF BECK with B.B. KING - Key To The Highway

Gentle Giant - Proclamation

Allan Holdsworth Atavachron

Amy Winehouse - Me & Mr. Jones - Live HD

Amy Winehouse - Me and Mr Jones Live

terça-feira, 20 de setembro de 2011

30 anos um dia

Amanhã, vão se completar 30 anos do meu primeiro dia na Band. Comecei como coordenador de rede do Jornal da Band graças ao ex-diretor Luiz González, hoje um próspero empresário ligado à GW (González e Woile Guimarães, outro grande jornalista que tive o prazer de conviver na Globo), irmão do Fábio, hoje diretor jurídico daquele time da Baixada Santista, e do Henry, e filho do saudoso Waldemar, amigão do meu pai.
Em setembro de 1981, estava cursando o terceiro ano de Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da USP. Um ano e um mês depois, já era pai da Stela.
Comecei numa grande escola junto com Maria Cristina Poli, a apresentadora do Jornal da Cultura, Bel Rocha e Carlos Roberto Zen, esta lenda viva do Jornalismo Extraterrestre, hoje diretor dos programas musicais da TV Sesc e na TVT de São Bernardo do Campo. Foi uma das melhores redações que tive oportunidade de trabalhar, interrompida por uma greve causada por um incômodo atraso de meses de salários. A maioria foi demitida e mesmo assim, teve uma carreira brilhante pela frente.
A bancada do Jornal da Band era formada por uma dupla de craques - Ferreira Martins e Joelmir Betting. Um exemplo da competência do Joelmir foi no dia da estreia da novela Os Imigrantes, de Benedito Ruy Barbosa. Na ocasião, a Globo ainda se preocupava com a concorrência da emissora do Morumbi e, por isso, esticou o Jornal Nacional em 40 minutos, propositalmente, para atrasar a novela. Pois bem, o Joelmir improvisou durante todo este tempo e segurou a barra do jornal. A novela foi um dos raros sucessos de dramaturgia da Band, que se acomodou na posição que ocupava hoje no Ibope. Uma pena, pois foi e é uma escola para muitos profissionais e um bom lugar para se trabalhar. Tanto que voltei várias vezes pra lá e sempre fui bem recebido, inclusive pelas famílias Saad/Jafet.
Durante cinco anos, fui coordenador de rede, responsável pela recepção das matérias que vinham via Embratel. Era uma operação complicada, que dependia de telex, da boa vontade dos funcionários da então estatal de autorizações das chefias (o que significava $$$) e da qualidade técnica das gerações. Eu cheguei a parar duas vezes no hospital por conta do estresse.
Minha promoção a editor só aconteceu depois de ter me formado jornalista na Faculdade Cásper Líbero, onde fui craque de ping pong e assíduo frequentador dos cinemas da redondeza.No primeiro dia de aula, o professor de rádio e televisão prometeu levar os alunos para visitar os teletipos (!!!) da Band. Eu, que acabara de chegar de lá e convivia diariamente com os teletipos (sim gente, não havia internet nem computador, precisávamos teclar em máquinas de escrever - irritado com as constantes quebras, uma vez joguei uma no chão para ver se alguém tomava atitude e melhorava o hardware), declinei do convite e pedi dispensa da matéria.Cumpri o curso feito presidiário. Marcava os dias que faltavam para tirar o diploma. Fiquei de fora da formatura. Afinal, ela aconteceu  no primeiro dia das minhas férias e o paraninfo da turma, Joelmir Betting, era meu colega de trabalho.
Hoje, não tenho mais colegas de trabalho. Aliás, nem trabalho eu tenho, mas não poderia esquecer o 21 de setembro de 1981. Trinta anos um dia.  

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

010.MOV

Considerações a respeito de um blog

Meu blog está no ar há mais de um ano. Nunca gerou um centavo aos cofres do seu criador (alguém ainda tem cofre em casa?). Em compensação, atrai gente de todo o mundo. Fui acessado nos Estados Unidos, Alemanha, Austrália, em várias partes do Brasil e isto me orgulha.Tenho menos de 15 seguidores. Parece até uma célula de um minúsculo partido que luta pela libertação do povo de uma remota ilha filipina ou de uma tribo da Papua Nova Guiné. Um fã clube de um conjunto de bairro. Não dá nem para completar dois times de futebol de campo,no máximo, de futsal.
Tenho uma concorrência enorme na rede. Desde os famosos até os anônimos como eu, que insistem em publicar coisas que deveriam ficar guardadas, esquecidas em algum armário virtual. Não vejo isso como problema. Eu preciso desabafar de algum jeito. Uns batem a cabeça na parede. Outros carregam melancia. Não, não adianta implorar que não farei vídeos caseiros de sacanagem. Não é a minha praia, embora não esconda que gostei das fotos nuas da Scarlett Johannson que vazaram por aí. Ela é uma das provas que Deus existe.
Nesta quarta-feira gelada e feia, 14 de setembro de 2011, perdi mais uma chance de trabalho por critérios misteriosos. Infelizmente, caminho para a pior situação que  previa para comemorar meus 30 anos na área jornalística. A melhor maneira de festejar a data, que acontecerá na semana que vem, seria trabalhando. Alguns conhecidos até me recriminam por ser pouco reservado nos meus comentários. Acham que sou negativista demais e que nem deveria estar alardeando a fase ruim (apesar de não ser muito esotérico, é inevitável pensar que estou no inferno astral, que no meu caso dura meses). Por isso, decidi adotar um comportamento mais Poliana. Tudo está lindo, leve e solto. Nada de ruim rola por aqui. Estou muito feliz de estar há um tempão só me dedicando ao lazer.
Faço um apelo, não mais para o ladrão que furtou meus documentos há quase duas semanas (lembrei muito dele na Biblioteca Mário de Andrade e nos Poupatempos, onde estive nos últimos dias), mas para você, meu querido leitor (sem ironia). Gostaria muito que este blog fosse lido pelo maior número de pessoas. Recomende-o aos amigos, aos parentes e aos inimigos (afinal, é um saco ser uma unanimidade). Se todos fizerem isso terei uma grande oportunidade de não mais depender de indicações de emprego, de enviar meu currículo inutilmente e, quem sabe,  virar um cara famoso além dos domínios da família Suckeveris . O autor da Hora da Abobrinha agradece.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Novo apelo ao ladrão desconhecido

Como escrevi na penúltima postagem,  tive uma mochila furtada com um talão de cheques, porta-moeda, documentos e uma câmera que acabara de ganhar da minha filha mais velha, que aparece comigo numa foto há 29 anos, objeto de inestimável valor sentimental, que foi junto. Também perdi um convite-imã do encontro dos ex-alunos do Ginásio Israelita Brasileiro Scholem Aleichem, que havia ocorrido na véspera, e o funil para encher uma garrafa metálica de bebida. Nesta madrugada me dei conta de ter ficado sem uma guia de exames que faria esta semana. Sr. Ladrão, não sei qual é o motivo de tanta maldade para não me devolver a guia, os documentos, a foto, o funil e um porta-moeda.
Bem, aos poucos estou repondo os documentos. Na última sexta-feira, 9/9, peguei a bike e fui embora. Saúde, Mirandopólis, Vila Clementino, Vila Mariana, Liberdade, Centro, Bom Retiro, Ponte Pequena, Santana, Santa Cecília, Bela Vista, Paraíso. Ao todo 39 km debaixo de sol escaldante e tempo seco feito deserto. Fiz o circuito do inferno - Detran, cartório de registro civil e Poupatempo. É também um excelente exercício de paciência e uma forma masoquista de entender como funciona a burocracia deste país.
Vejamos: no Detran, que fica num prédio horroroso em frente a um poluidíssimo rio Tamanduateí, o movimento lembra o de uma tenda de milagres. Vendedores ambulantes atrapalham a passagem e funcionários públicos atrapalham a população. Despachantes e particulares sobem e descem as escadas atrás de filas e mais filas. Evidentemente, que não  escapei de uma delas. Mesmo tendo feito o licenciamento pela internet, fiz a bobagem de pegar o documento pessoalmente. A facilidade online termina no momento da entrega. É fila para dar entrada (e você reza para que o comprovante impresso em casa tenha o mesmo valor do que o feito num banco)  e outra para a retirada. Alguns minutos perdidos, mas felizmente saio do Detran com o licenciamento e mais um ano sem multas, fato que muito me orgulha.Sinal que escapei dos radares e dos guardas de trânsito nos últimos doze meses. O que não significa que não tenha cometido infrações. Apenas que não fui pego pelos sistemas de vigilância.
Do Detran fui ao cartório de registro civil que fica numa ladeira de Santana, antigo endereço dos meus primos filhos da minha Tia Rosa, que hoje vivem em Israel. É o mesmo cartório onde gente importante como Ayrton Senna foi registrada. Ele, em março, e eu em outubro do mesmo ano de 1960. Apesar de poucas pessoas na fila, demorei para ser atendido. Para meu azar, uma idosa entrou na minha frente e fui obrigado a ver mais um pouco do jornalismo policial da TV Record. Já eram 14h da tarde e ainda não havia almoçado. Logicamente, isto influiu no meu  (mau) humor. O valor de uma 2ª via de certidão de nascimento que me fora passado por telefone já não era o mesmo in loco. Felizmente, uma funcionária disse que não precisa de uma nova certidão de nascimento para obter um novo RG. Erro de informação do Poupatempo, meu novo destino.
Depois de contar com a gentileza dos motoristas na Ponte das Bandeiras e de algumas fechadas de outros condutores, cheguei à Praça Alfredo Issa, perto do Bar do Léo, o melhor chope de São Paulo,  Realmente, o Poupatempo ajuda o cidadão, mas ainda tem muitos vícios burocráticos. Primeiro, a necessidade de passar por uma triagem para receber uma senha. Segundo, a exigência de várias cópias de documentos, mesmo que você esteja com os originais em mãos. Só sei que ter uma máquina de xerox nas redondezas é um ótimo negócio. Volto para a fila. Não demoro muito e sou atendido por um funcionário que dá mais atenção às conversas das colegas do que para o meu caso. Pergunta se quero colocar o número do CPF no futuro RG. Até topo. Só que precisava ter levado o original para a informação ser incluída. Mostro a CNH (a de 2010, já que a de 2011 foi furtada), que consta o CPF lá bonitinho e legível.  Não serve. Dispenso o número, recebo tinta em todos os dedos para carimbá-los numa ficha, e agora devo receber num prazo de dois a três dias úteis, o novo RG, que terá um digito a mais, sinônimo de mais problemas na hora de se identificar.
Na Alfredo Issa, não posso tirar a segunda via da Carteira Nacional de Habilitação. De bicicleta, chego rápido e fácil à Praça da Sé. Vou ao Achados e Perdidos do Metrô, onde o simpático atendente tem uma certa dificuldade para entender o meu nome. Soletro do jeito Vila Sésamo: B de bola, E de Ester, N de nada e O de onda, entendeu agora sr. Cruzamento de Equinos? Nada dos meus documentos furtados. Vou ao segundo Poupatempo do dia. Salvo uma mulher de atropelamento. Ela viu um ônibus parado e achou que o sinal estava aberto, quando na verdade o coletivo esperava para não ficar em cima da faixa de pedestres. Dei um grito e uma bronca na mulher, que quase fez que eu virasse testemunha de uma tragédia. No Poupatempo da Sé, nem perdi tempo (desculpe o trocadilho infame). Soube com um funcionário quais documentos eram necessários (não batia com o que aparece no site) e quanto gastaria para ter uma nova CNH e fui embora. Perto dali, um viralata coçava o corpo castigado pelas pulgas, indiferente ao movimento e às exigências cartoriais para se viver neste país.
Agora, sr. Ladrão, vê se devolve a guia de exames, meus documentos e, principalmente, o funil sem o qual não dá para encher a minha garrafinha de whisky.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tríplice tragédia

Para mim, 6 de setembro deveria ser feriado (embora, pela falta de trabalho, tenha virado. Até pedalei 36 km nesta terça-feira ensolarada) pelo grande motivo de representar o dia que escapei do exército. Hoje, faz 33 anos que me livrei deste peso, terrível dor de cabeça para os meninos de 17 anos. Como era época da ditadura militar, imaginem o alívio para mim.
Já 7 de Setembro é feriado há mais tempo. O dia da independência foi magistralmente descrito por Laurentino Gomes no ótimo 1822. Para quem não leu, o Grito dado por D. Pedro I foi menos épico do que o pintado por Pedro Américo (um quadro que, por sinal, é plágio). O querido monarca passou maus bocados na viagem de Santos para São Paulo e a Independência foi proclamada numa parada para uma cagada às margens do Ipiranga, hoje, um córrego sujo e esquecido.
Para mim e meus irmãos mais velhos,  o 7 de Setembro é  um dia de luto. Há 47 anos, perdíamos a nossa mãe vítima de uma doença que seria facilmente curável nos dias de hoje. Um adeus prematuro e traumático. Meus irmãos Jaime e Silvia ainda puderam conviver por mais tempo com Dona Stella. Eu não tive a mesma sorte. Ela se foi pouco menos de dois meses antes de eu completar quatro anos. Guardei raríssimas lembranças. Se Deus existe, no dia 7 de setembro de 1964, Ele estava de folga, havia descido para a praia ou coisa parecida. Desculpem-me se a brincadeira foi de mau gosto. A verdade é que minha fé Nele  e nas religiões foi diminuindo ao longo dos anos.
Além da perda da minha mãe, a tríplice tragédia do título remete a outros dois fatos lastimáveis de 1964. Um deles, no Primeiro de Abril, que marca o início da longa noite da nefasta ditadura militar que abateu o país. A outra tragédia foi a morte da minha avó paterna no final daquele ano. Ou seja, no mesmo 1964, o meu pai ficou viúvo, com três filhos para cuidar e ainda ficou órfão de mãe. Não tive o prazer de conhecer o pai dele que morrera anos antes. O meu avô foi um grande homem que salvou a família ao ler o livro de Hitler antes da eclosão da II Guerra Mundial. Inteligente, tratou de tirar mulher e os cinco filhos da ameaçada Lituânia para vir ao Brasil recomeçar a vida. Sem esta decisão eu não estaria aqui para fazer mais uma crônica especialmente  para a Hora da Abobrinha.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Apelo ao ladrão desconhecido

Caro (sim, está me dando uma boa despesa de tempo e dinheiro) ladrão
Gostaria que o sr. larápio devolve-se pelo menos os documentos e alguns objetos importantes para mim, que estavam numa mochila vermelha, presente de aniversário que recebi do casal Mauro e Marly. Ela foi furtada no último sábado, quando eu participava de um churrasco, dividia várias cervejas e alguns goles de Black Label com os meus amigos do futebol. As bebidas não são desculpas pela minha desatenção. A sensação de perda resolve qualquer ressaca.
O talão de cheque não terá serventia. A polícia e o banco já sabem que ele foi subtraído de mim e está bloqueado.
Os documentos, principalmente os do carro, a segunda via do RG e a minha carteira de habilitação, também não vão servir para o sr. gatuno. Pode ficar com o bilhete único, mas você (já estamos ficando íntimos. Afinal, pelos documentos, já sabe quem eu sou, onde moro, quem são os meus pais e que eu mesmo sou pai - tem uma linda foto com a minha filha recém-nascida no colo, tirada há quase 29 anos) não precisa da minha ficha de inscrição na Biblioteca Mário de Andrade. Aliás, se o sr. fosse um leitor, certamente, teria uma cabecinha menos ligada ao mundo do crime, exceto, se gostasse de literatura policial. Recomendo Agatha Christie para começar  nesta área. A velhinha era ótima, mas não há informações de que ela tenha furtado alguma coisa ou matado alguém. Ou seja, não aplicava na prática o que escrevia.
Pode levar os níqueis guardados num porta-filme fotográfico (alguém ainda usa?) improvisado como moedeiro. Não vou querer de volta os comprimidos de Pepsamar, apesar da eficiência do remédio nas minhas frequentes crises de azia. O mesmo vale para o porta-óculos.
Triste mesmo ficarei sem a foto citada acima, sem os documentos (serei obrigado a visitar o inferno, digo Detran, digo Poupatempo) e sem a minha câmera Canon, recentemente, recebida de presente da minha filha que vive na distante Austrália. Na véspera, eu tinha fotografado um encontro de ex-colegas do saudoso Ginásio Israelita Brasileiro Scholem Aleichem e feito imagens inéditas do prédio do Bom Retiro, que soube pelo meu amigo Jorge, que era obra do arquiteto Jorge Wilhelm. O convite-imã de geladeira, uma obra sensacional do Marcelo Cipis, também estava na mochila.
Um último apelo: Sr. Ladrão, as fotos tem um imenso valor para mim e meus amigos. Venha aqui, faço de conta que não fui furtado, baixo as fotos no computador e nem dou queixa para a polícia. Topas?

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Jornalista da reserva

Faltam pouco menos de dois meses para eu completar 51 anos.  Mesmo sem ter a idade necessária para tanto, já me sinto aposentado. São cinco meses na inativa, com duas pequenas interrupções. Uma, para um trabalho de uma semana numa revista corporativa, que antes que alguém pense que briguei com alguém e, por isso, fiquei pouco tempo, foi para cobrir férias; e a segunda, para apenas um dia, quando tive a experiência inédita de ser repórter de um piloto de TV corporativa.
Também passei por três entrevistas de emprego. A primeira, frustrante demais, foi para a rádio da Câmara de SP. Tudo certo para começar. No caminho para o primeiro dia, a menos de um quilômetro do edifício do Viaduto Dona Paulina,fui avisado que a vaga havia sido preenchida por uma pessoa que tinha um Q.I. maior do que o meu. O candidato tinha um vereador mais poderoso como padrinho.
A segunda foi decepcionante. Esperava realizar um sonho profissional, que era o de trabalhar na espn (é no diminutivo mesmo, por causa da situação que vivi) . Infelizmente, a preferência foi dada para um estagiário preferido pela chefe da redação formada comigo na mesma turma de faculdade. Meu currículo de anos de edição de esportes não serviu para nada.
Em relação à terceira oportunidade, estou mais otimista. Primeiro, porque não estava esperando ser chamado. Segunda, que ela me parece mais justa. Concorro com cerca de 20 candidatos em aparente igualdade de condições.E terceiro, se vier, vai coroar meus 30 anos na área de Comunicações, que quero completar em setembro, repetindo uma linguagem militar, na ativa.

Brian Setzer - Route 66 Live (rare video).avi

Eric Clapton, Chuck Berry & Keith Richards " WE WE HOURS "

Eric Clapton, Chuck Berry & Keith Richards " WE WE HOURS "

Jeff Beck - Stratus

The Rolling Stones - Get Up Stand Up (live Bob Marley/Peter Tosh cover)

Peter Tosh and Mick Jagger - Walk And Dont Look Back

ROLLING STONES ★ waiting on a friend

The Beatles First Video

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A volta das Criancinhas Pobres da Suécia

Em agosto de 1977, portanto, há 34 anos, foi lançado o meu primeiro e único livro. AS CRIANCINHAS POBRES DA SUÉCIA teve manhã de autógrafos no saguão do Grupo Educacional Equipe, na rua Martiniano de Carvalho. As ilustrações foram de Vivian Altman, colega de ginásio e de colégio, que hoje vive na Grande Paris. Tive o apoio notável do professor Gilson Rampazzo e da gráfica do Equipe, que imprimiu mil exemplares, que hoje são disputados a tapa feito produto Apple (ha,ha,ha).
Literariamente, a obra underground não representa nada de marcante, de revolucionária, mas é importantíssima na minha formação profissional e pessoal. Não tinha nem 17 anos quando resolvi investir minha poupança na publicação do que é tecnicamente um livreto. Nos meses seguintes, vendi de mão em mão todos os exemplares. Dois foram parar em mãos famosas como as de Regina Duarte. Bixiga, Belas-Artes, teatros, bares, shows, lá ia o autor com a mochila recheada de livros. Atualmente, só tenho os originais. A maioria virou fóssil ou foi parar num sebo virtual, como descobri outro dia. Também soube que filhos de amigos adoraram o que leram, motivo de orgulho e verdadeira medalha para mim. A experiência comprovou que minha carreira profissional teria que ser ligada às letras. Fui parar no (tele) jornalismo, uma sequencia natural pelo que fazia desde os tempos de primário. Sempre gostei de escrever.
Hoje, não tenho nenhum livro na gaveta. Apenas projetos. Quando vou a uma livraria, fico intimidado diante da enorme oferta de títulos e me pergunto se posso ocupar algum espaço numa estante. Sei não. AS CRIANCINHAS POBRES DA SUÉCIA representa uma atitude corajosa de um jovem, que por impulso ou afirmação, resolveu colocar em prática um sonho. Tenho saudades deste jovem que eu fui.

domingo, 21 de agosto de 2011

Sócrates, Neto, Rivellino e outros ídolos

Falta menos de duas horas para começar a segunda-feira, 22 de agosto de 2011. Espero que seja a minha última segunda-feira sem trabalho remunerado. Trabalhos não faltam. Tenho a faxina, o supermercado, a feira, a escovação dos dentes, o mastigar dos alimentos (a eliminação também dá um trabalho danado, especialmente nos casos de prisão de ventre), os gastos de calorias jogando bola ou pedalando, as horas de digitação no computador e este blog, entre outros serviços não pagos. Aliás, sou eu quem pago.
Choradeira à parte, tivemos boas notícias neste domingo gelado. Sócrates já está melhor depois do susto de parar na UTI do Einstein. A seleção brasileira ganhou o penta sub-20 na final contra Portugal, marcada pelos erros dos dois goleiros e pelos três gols de Oscar. Depois de perder em casa para o Figueirense, o Corinthians se manteve na liderança do Brasileirão graças aos tropeços de Flamengo e São Paulo.
Voltamos ao Sócrates. Foi o último jogador que acompanhei nos estádios sem a obrigação de trabalhar. Inteligente dentro e fora de campo. Teve uma carreira curta, mas inesquecível, principalmente, no Corinthians e na Seleção. Como repórter da Folha de SP, fui ao primeiro treino dele no Santos. Na saída, aproveitamos para dar uma carona de fusquinha até o hotel onde estava hospedado. Aliás, ele pediu a carona, coisa inimaginável nos jogadores de hoje, cercados de seguranças e assessores de imprensa. Nunca foi um atleta ou fez questão de ser marqueteiro. Logo de cara acendeu um cigarro. Rendeu-me uma das matérias de capa do caderno de esportes. Muito bom para quem vinha de alguns anos de redação de TV e ficou apenas quatro meses como frila da Folha. Conheci amigos e tive uma experiência maravilhosa, apesar de longas jornadas de trabalho (cheguei a virar 14 horas por dia) e da pouca grana.
Esta semana, aproveitei a noite quente, pedalei até os Jardins e vi dois curtas no Museu de Imagem e Som, o simpático MIS. Um deles, já ganhou a minha simpatia pelo título - Juventus rumo a Tóquio. O filme, captado por dois câmeras digitais e feito por alunos que também passaram pelo curso de Rádio e TV da ECA/USP, mostra a emocionante final da Copa SP, entre o Juventus e o Linense, no estádio da rua Javari (onde certa vez fiz matéria sobre os juvenis do time da Mooca, durante os quatro meses de frila para a Folha). O vencedor ganhou vaga na Copa do Brasil, que por sua vez classifica o campeão para a disputa do título mundial, que na época acontecia no Japão. Daí o título otimista. A ideia do curta foi mostrar os bastidores, a reação da torcida e o jogo aparece em escassos momentos. É impossível não se emocionar com o filme. O mesmo vale para o outro curta da noite. "Rivellino", nome de um dos meus maiores ídolos, razão pela qual sou corinthiano. Achei  que seria uma cinebiografia tradicional, com depoimentos dele, da família, de colegas de profissão etc. Mas, assim como a maioria do pequeno público do aconchegante cinema do MIS, fui surpreendido pelo roteiro. Em resumo, trata-se de um encontro entre um ex-presidiário e o promotor que o condenou num ônibus. Uma daquelas situações-limite, tipo Cabo do Medo, do Scorsese. Só que ela é quebrada com a entrada do Rivellino como passageiro. A simples presença do ídolo muda o foco da conversa do marginal com o promotor e a história caminha para um final inesperado, com direito a um depoimento de Maradona.
Citei o Neto no título, É outro ídolo corinthiano com quem convivi na Band e até jogamos no mesmo time uma única vez. Sábado à noite, ele comentou a grande vitória do Brasil sobre Portugal por 3 x 2, no Mundial Sub-20 da Colômbia. Em dado momento, empolgado com o vigor físico do meia Fernando, disse que "parecia que ele tinha dois pulmões." Olha, eu prefiro mil vezes o Neto com gafes como esta do que, por exemplo, o Caio Ribeiro e a maioria dos comentaristas da Sportv (Nori é exceção), pródigos em clichês e bom mocismos, insossos e chatos.

  

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sugestão de presente para o Dia dos Pais

Eu sei, Dia dos Pais é uma criação comercial e etc e tal. Acho que vale como reflexão sobre a importância da figura paterna na nossa vida. O meu pai, seu Henrique foi embora muito cedo. Furou a fila e mais um ano, não estará conosco para festejarmos juntos, que era sempre com muita comilança, bom humor e alegria. Faz falta o danado.
O tempo passou e hoje, sou pai de duas meninas, meu título de maior orgulho. Confesso que não sou o pai-modelo. Separei e fiquei distante da educação delas mais do que deveria. Hoje, elas estão distantes geograficamente. Uma na Austrália e a outra na pequena e longíngua Ilha Solteira. Felizmente, existe o Skype para diminuir a distância. Mesmo assim, gostaria de ter sido um melhor pai. Meu temperamento travou o que deveria ter sido o ideal. Peço perdão especialmente a elas para os meus erros.
Domingo, dia 14 de agosto, passarei o Dia dos Pais sozinho mais uma vez. É uma sensação estranha. Não digo nem pelos presentes que não virão, mas pela razão de que se sou pai, é porque deu vida às filhas, e fica sem sentido ter esta condição e comemorar solitariamente.
Quanto aos presentes, dispenso carro novo, celular de última geração, ipad, iphone, aiaiqualquer coisa. Só preciso de uma coisa que, infelizmente, elas não podem me dar: trabalho. Estou parado há quase uma semana, após apenas cinco dias de serviço que, por sua vez, vieram depois de quatro meses ociosos. Tenho certeza absoluta que a Stela e a Diana gostariam que eu recebessse tal presente. Elas bem sabem que conviver comigo com mau humor é insuportável, e que sem ocupação (consequentemente dinheiro), fica mais difícil fazer uma visita de surpresa aonde elas moram. Quem sabe se em 2012 estarei passando o verão na Austrália e a primavera em Ilha Solteira.  Independente disso, espero estar em 2012 para que elas não sintam a mesma sensação horrorosa que não poder compartilhar o Dia dos Pais com o grande e saudoso seu Henrique.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Jeff Beck- A day in the life -(Jimmy Page was there!!)

Two Rivers - Jeff Beck

Jeff Beck & Brian Setzer - Twenty Flight Rock

Deep Purple - Child in Time | Live 1970

Badfinger - Day After Day - Pete Ham

A insônia voltou em mais um período de falta do que fazer

Já estamos no dia 10 de agosto de 2011, entrando no meu segundo dia de aposentadoria por falta de serviço (de novo).  De bom só a volta ao futebol com os amigos da Globo. Talvez verei o Capitão América, pedalarei,  assistirei um pouco de televisão, ouvirei jazz (ouça jazzradio.com, uma rádio online espetacular), lavarei louça, acordarei sabe Deus quando, enfim, uma agenda desanimadora para quem está no auge da forma física e mental e gostaria imensamente de estar trabalhando em revista, TV, rádio, coreto de praça, internet. Este blog é minha tábua de salvação. Ficar parado é uma sensação terrível. Os piores sentimentos vem à baila.
No portal G1, a americana sexagenária desistiu de ir nadando dos Estados Unidos à Cuba. Até aí nada demais. O detalhe que mostra a ignorância de quem escreveu (estagiário?) que escreveu sobre  Key West e Cayo Hueso como se fossem lugares diferentes quando na realidade são a mesma cidade da Flórida (Beno recomenda a viagem).
No mesmo portal, vejo as notícias de esporte. Fico abismado com o espaço que dão para o futebol do Espírito Santo, aos atletas do Mato Grosso e à crise em times absolutamente desconhecidos. Não há uma referência negativa ao Ricardo Teixeira. Imprensa vendida é fogo.
No Yahoo, um dos destaques do dia foi aproveitar a presença da Raquel "Bruna Surfistinha" Pacheco na Fazenda da Record para contar a mudança de vida dela. A história é velha. Ela se apaixonou por um ex-cliente, que abandonou a belíssima mulher com quem teve filhos. Embaixo da matéria, há os comentários dos internautas. Um festival de preconceito. A maioria não entende como o João trocou a ex-aeromoça por uma ex-prostituta. Conheço as três pessoas, as mulheres superficialmente, mas posso dizer que o João fez a melhor escolha. A relação dele com a Raquel é muito bonita e eles estão se lixando para os comentários maldosos. A pior fase, que era a aceitação pela família dele, já foi superada. O resto é uma bela história de amor.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Recorde

São 22h11 de segunda-feira, 8 de agosto de 2011 (8/8 para os mais esotéricos). Meu perfil profissional voltou a ser o de jornalista desempregado. Desta vez, conforme era previsto no momento da contratação, fiquei apenas uma semana. Na prática trabalhei cinco dias, já que houve um sábado e um domingo no meio do caminho. Antes que algum conhecido fale bobagem, não sai por causa de problemas de relacionamento ou coisa parecida. Não, não e não.
Consegui voltar a trabalhar na Novacia, agência responsável pela revista interna do Itaú Unibanco, pouco mais de um ano da minha saída. Na ocasião, fiquei um mês e meio. É pouco? Levando-se em conta que minha experiência profissional foi, principalmente, em televisão, e havia sido contratado para um teste, o resultado foi bom. Fiquei além do tempo previsto e ainda dei o start para uma outra revista, a das Casas Pernambucanas, que utilizou grande parte do material colhido por mim. Infelizmente, a chefe de plantão não quis mais compartilhar a redação comigo. Mais um ano depois, nova chefe e uma ótima relação. Jogou limpo comigo e não me criou qualquer ilusão. O trabalho seria mesmo de uma semana. Sai sem problemas.
Dos cinco dias, três fui de bicicleta. Conforme o caminho, de 24 a 26 km de ida e volta, às vezes encarando uma sensação térmica de cinco graus positivos. Na maioria dos dias, era o primeiro a chegar na redação. Saia à noite, depois de jornadas de nove, dez, onze horas. Feliz, satisfeito de voltar a trabalhar após quatro meses de ócio forçado.
Agora, estou disponível no mercado feito um táxi vazio, torcendo para mudar o meu perfil profissional o mais breve possível.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Currículos...

          Ouço muitos conselhos sobre como conseguir trabalho. Dicas de currículos, como se portar numa entrevista, criar uma rede de relacionamentos e por aí vai. Tento seguir a maioria das orientações para sair desta nova temporada de ociosidade forçada, que já dura três meses e meio e não tem perspectivas rápidas de terminar logo. Uma delas é difícil de cumprir. É aquela que pede para citarmos os ganhos reais proporcionados pelo nosso trabalho às empresas pelas quais passei quase 30 anos de jornalismo.
          Sou do tempo que os diretores da área comercial raramente passavam pelas redações, especialmente, as de TV. A preocupação com audiência, com anunciantes, com faturamento, era deles e das nossas chefias. Para o chão de fábrica, digo, para os peões das redações, o foco estava em fazer um bom jornal. Se fosse assistido, ótimo. Se ninguém visse, ótimo também, desde que o salário fosse pago religiosamente em dia. Também não havia o jornalismo de entretenimento, de espetáculo, que faz com que os cabelos e as sobrancelhas da apresentadora chamem mais atenção do que a qualidade do jornal que ela produz. É claro que, se o Bonner  apresentar o JN de camisa aberta e de óculos escuros será um fato incomum, mas não foi para isso que meus colegas de profissão e eu gastamos anos nas faculdades para levar ao público. E mais: antes de entrar no ar, é obrigação do diretor de TV, do editor-chefe do jornal, perceber o que está errado com os apresentadores.
           Voltemos ao currículo. Um engenheiro pode mostrar que construiu x prédios ou um médico tem experiência de n atendimentos. Já o jornalista de redação, que não tem o hábito de arquivar as edições ou os scripts que fez (se tiver alguém que faça isso é uma grande exceção), não tem como dizer que foi responsável direto pelo aumento da audiência ou tiragem de determinado jornal. Não é um ponto quantificável. Qualquer inovação na TV é resultado de longas reuniões com diretores de vários departamentos. Você até pode dizer que descobriu aquele "furo", aquela notícia exclusiva. Só que não é um esforço solitário. Por isso, me incomoda quando os apresentadores são mostrados como estrelas, quando na verdade são a parte final de um trabalho que começa na véspera, envolve uma extensa cadeia de produção, esta sim a verdadeira estrela do jornal. O público em geral não sabe que o apresentador, com raras exceções, não editou as imagens que vão ao ar e tampouco escreveu o texto que leu.
         Trabalhei em praticamente todas as TVs abertas de SP.Sou fundador do Band News e do Leitura Dinâmica Primeira Edição, por exemplo. Editei programas líderes de horário como o Bom Dia São Paulo e outros que davam traço de audiência. Em todos, certamente, dei ganhos aos empregadores. Para começar, na maioria deles era mal pago e acumulava funções. Um profissional barato e eficiente é lucrativo para as empresas. Não sei como quantificar isso.
         Nesta terrível temporada de aposentadoria forçada por falta de serviço, passei por duas entrevistas. Uma delas foi antecipada por mim em um dia. Meus entrevistadores deram um chá de cadeira de mais de uma hora, sendo que eles tinham marcado o horário. Cheguei a ir para o trabalho. Faltando menos de um quilômetro para chegar ao local, fui avisado que tinha perdido a vaga por uma questão política. Meu concorrente tinha um padrinho mais forte. Na outra entrevista, que seria a realização de um sonho de trabalhar num lugar que todo jornalista esportivo sério pensa em ocupar, achei que a vaga também seria minha. Seria se tivesse um padrinho poderoso. Por isso, desconfio das empresas de recrutamento e dos anúncios de emprego. Podem ser bons para executivos ou professores, mas não funcionam para jornalistas.

domingo, 10 de julho de 2011

Meia-noite em SP

O domingo já está chegando ao fim. O frio, não. Continua gelado em São Paulo e, ao contrário do que é dito no ótimo Meia-Noite em Paris, do Woody Allen, a capital paulista não fica bonita, especial, linda nos dias de chuva. Paris não é Pari.
Descubro nas estatísticas do blog, que sou mais lido nos Estados Unidos do que no Brasil.  Tenho apenas 12 seguidores e a desvantagem de estar fora da mídia (mais de três meses sem trabalho - espero o fim desta situação nesta semana).  Só o Mano Menezes tem mais de um milhão de seguidores no Twitter. E olha que não conquistou nada com a medíocre seleção ameaçada de uma vergonhosa eliminação na primeira fase da Copa América. Ok, não dirijo nenhuma equipe, mal sei cuidar do meu apartamento. Mas o Mano é insosso nas coletivas, não tuita (quem faz isso é a filha dele) e não tem o menor pingo de humor que, modestamente, carrego nas minhas linhas.
Uma torcedora sãopaulina, velha colega de jornalismo, me cobra uma posição sobre o uso de dinheiro público na construção do estádio do Corinthians. Sou absolutamente contra, assim como sou contra qualquer marcha que paralise a Avenida Paulista, a vinda da Copa e da Olimpíada para o Brasil (será que precisamos mesmo de pretextos externos para consertar a infraestrutura defasada há séculos ou construir elefantes brancos como os estádios de Cuiabá, Manaus, Brasília, Natal, Recife???), o uso de cebola na alimentação humana, a permanência de Ricardo Teixeira como dirigente máximo da CBF; a falta de educação no trânsito, especialmente, em relação aos ciclistas; flanelinhas, manobristas na porta de restaurantes/bares a preço de refeição completa; leilões de joias, programas religiosos, Zorra Total e outras porcarias que grassam nas tevês. Também sou contra gasolina batizada, etanol a preço de destilado escocês, filas, caspa, bitucas de cigarros e chicletes jogados no chão, vizinhos metidos a DJs,gente ignorante,que não está nem aí, por exemplo, quando conversa alto no celular ou estaciona em vagas destinadas a idosos ou pessoas especiais.

MEIA-NOITE EM PARIS:  Quem for esperando abrir a boca para soltar gargalhadas no novo filme do Woody Allen, vai perder o tempo. Ele exige inteligência do espectador logo nos primeiros minutos, quando a câmera passeia por Paris ao som do clarinetista Sidney Bechet, que foi um dos muitos americanos que trocaram os Estados Unidos pela França. As piadas são  sutis demais e merecem, no máximo, um sorriso nos lábios. Owen Wilson, como alter ego do diretor-roteirista, está perfeito. A ideia de ser reconhecido como autor sério é antiga para Woody Allen, que foi massacrado em alguns filmes, Interiores, por exemplo, por ter a pretensão de ser um Bergmann novaiorquino. Em Meia-noite em Paris, Allen trabalha isso com o ideal de ser criticado por escritores do nível de uma Gertrude Stein ou Hemingway. Tem a história de viver numa época dourada. No caso, os anos 1920, em Paris. Cada uma deve ter a sua (a minha seria os anos 1960, em Londres, com Jimi Hendrix, Eric Clapton, os Beatles, os Rolling Stones fazendo a trilha sonora), mas claro que é um exercício impossível de ser realizado. O que é monótono e chato para, digamos a namorada de Picasso, Hemingway etc, interpretada pela belíssima Marion Coutillard, que gostaria de viver na virada dos séculos XIX para o XX, é espetacular para a  personagem de Wilson, que tem a oportunidade surreal de conviver com os grandes artistas, muito mais interessante do que encarar um casamento com uma mulher fútil, filha de pais reacionários. Neste ponto o filme remete à outra obra genial de Allen, A Rosa Púrpura do Cairo, também  um conflito entre realidade e sonho. Beno recomenda.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A loira passeia no Ibirapuera sem o celular

A primeira segunda-feira de julho foi uma prévia da primeira terça-feira de julho. Pelo menos para mim, aposentado por falta de trabalho. Sem nada para fazer, fui pedalar no Parque do Ibirapuera, um raro espaço da zona sul de São Paulo que ainda não foi devastado pela especulação  imobiliária. É sempre bom lembrar que o Ibira perdeu boa parte da área original.  Se alguma autoridade tivesse culhão, teria expulsado os moradores e destruído as mansões no entorno da avenida IV Centenário.
Feliz com o velho brinquedo novo, a bicicleta recém-saída da revisão, com guidom e câmbio novos, dei nove voltas por lá, o equivalente a 27 km. Somados à ida e à volta pra casa, foram 37 km sob um frio congelante de 9 graus, conforme os nada confiáveis relógios-termômetros de rua.
Algumas figuras conheço de vista. Uma delas é uma loira, entre 40 e 50 anos, que sempre me chamou a atenção não pela beleza, mas pelo fato de caminhar com o celular colado no ouvido. Não sei se é empresária ou jornalista. Só não sei como arruma assunto para tanta conversa. Levando-se em conta que cada volta pelo parque gira em torno de 15, 20 minutos, acredito que ela fica no telefone, no mínimo, uma hora. Porém, neste 4 de julho, dia da Independência dos EUA, de um filme com o mesmo nome protagonizado por Tom Cruise, e aniversário do amigo Alceu Nader, hoje morador de Brasília, o que me chamou a atenção é que a loira não estava pendurada no celular.
Hoje, não vi o senhor todo tatuado e com corpo malhado, que dá voltas no parque levando a bicicleta na mão. Nunca entendi porque  ele não pedala ou prende a bicicleta para poder andar livre, leve e solto. Em compensação, estavam os inúteis guardas civis  metropolitanos que nada fazem para orientar os pedestres, patinadores e skatistas a procurar outros caminhos que não sejam a ciclofaixa. Os próprios ciclistas também não colaboram, sejam os casais que saem em duplas ocupando as duas faixas, sejam os esportistas que ignoram as setas de mão e contramão que, apesar de serem bem sinalizadas no chão, são solenemente desrespeitadas. Não adianta reclamar. Povo burro é sempre povo burro.
Ainda dá tempo para ver a ótima exposição Héreros, do meu ex-colega de Equipe, Sérgio Guerra. Ela está no Museu Afro Brasil e é gratuita.
Depois das pedaladas, vi Manhattan Connection. Lá soube que o Diogo Mainardi também foi aluno do Equipe e era fascinado por uma professora de geografia. O assunto foi levantado depois que o Lucas Mendes contou o caso da professora pega com um aluno num motel fluminense. O aluno é um heroi, por realizar o sonho de todo estudante. Duvido que não existe algum que não teve uma fantasia com o/a professor/a. Uma das minhas maiores decepções foi encontrar uma antiga mestra do primário, casada e até com netos. Ela foi a minha primeira namorada e de muitos colegas, mas ela nunca soube disso. Tem também o episódio de Friends, que Ross confessa que teve um caso com a bibliotecária bem mais velha. É hilariante.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Tragédia na Sumaré - mais um ciclista é morto em SP

Antônio Bertolucci, ciciclista de 68 anos, presidente da  Lorenzetti, tradicional marca de chuveiros e duchas, morreu na manhã de dia 13 de junho, atropelado por um ônibus, na avenida Sumaré, perto da estação do mesmo nome, na zona oeste de São Paulo. Pelos relatos de testemunhas, ele teria caído da bicicleta e o motorista do ônibus, que devia estar colado, não pode evitar o choque. Se ele (motorista do ônibus) tivesse respeitado a distância de 1,5 m conforme determina o Código Nacional de Trânsito, a tragédia não teria acontecido.
O ciclista era experiente a ponto de ir de bicicleta ao trabalho, num percurso de 2h. Pela condição financeira, certamente, não precisaria disso. Poderia ir de carro com chofer, por exemplo, mas vá perguntar a qualquer ciclista, se ele prefere pegar congestionamento, um transporte coletivo lotado ou se gozar a liberdade proporcionada pela magrela.
Conheço o local do acidente. É uma praça, que era enfeitada por cataventos colocados como se fossem flores, próxima a uma rua movimentada que dá acesso à avenida Dr. Arnaldo e à rua Oscar Freire, no lado de Pinheiros. O ciclista vem de uma descida e pega um pequeno trecho de subida antes de embalar para a Sumaré no sentido do Viaduto Antártica.
Vejo os comentários no Facebook lamentando a morte do executivo e, mais incrível, culpando o comportamento dos ciclistas em geral. Para começar, a desproporção de tamanho, peso, segurança entre um ônibus e uma bicicleta é a mesma entre um lutador de Ultimate e um bebê. Concordo que a bicicleta não é a alternativa de transporte para a maioria da população, mas não deve ser descartada pelas qualidades inerentes - não polui, não gasta combustível fóssil (só na fabricação, embora já exista até bicicleta de bambu!), é barata, eficiente e mais rápida do que a maioria dos outros veículos usados nas grandes cidades. Prova disso é que os ciclistas sempre vencem os desafios modais realizados há anos na capital paulista e Barcelona, Bogotá, Paris, Rio, Berlim, Copenhague, Portland, entre outras, já se deram conta de que vale investir nas calois da vida.
As iniciativas da prefeitura e do governo do estado de São Paulo são tímidas. As autoridades e a maioria esmagadora das empresas pensam que a bicicleta ainda é um brinquedo. Esquecem das tarifas caras dos ônibus e do metrô, dos estacionamentos, dos impostos cobrados aos motoristas (pedágios, IPVA, seguro etc) e, é claro, do trânsito insuportável. Proibem a circulação nas estradas e as ciclofaixas são poucas, mal feitas e não são de uso permanente.
No último domingo (12 de junho), fiquei mais estressado com os colegas ciclistas que circulavam pela ciclofaixa que vinha da av. Jornalista Roberto Marinho até o Parque Villa-Lobos,  do que com os outros veículos. Falta educação (aliás, em praticamente todos os setores da sociedade brasileira). Vi um acidente estúpido entre dois ciclistas,  um deles com uma criança na cadeirinha. Vi pares fechando a passagem de quem vem mais rápido e não estava lá para simplesmente passear  (o meu caso, por exemplo, mas também de ciclistas de "speed"). Você assobia, buzina, canta ("Deixa eu passar, faz de conta que sou o primeiro...")  e nada do pessoal se tocar. Por sua vez, a turma da CET e os funcionários com as bandeiras nas mãos mais atrapalham do que ajudam. Além de não orientarem direito (quem estiver lento deveria ficar à direita - não é assim no trânsito normal ? -  ou à esquerda, se houver uma regra da prefeitura indicada por faixas ou coisas quetais), não sabem que o ciclista mais experiente fura mesmo o sinal vermelho se não estiver passando qualquer veículo.Para que vou esperar a chegada de um carro se a rua está deserta? Sem falar dos patinadores, skatistas e corredores que são incapazes de entender que a ciclofaixa é só para quem estiver em cima de uma bicicleta. A dica também vale para quem carrega a bicicleta na mão. Não está pedalando, cai fora, vai para a calçada, vai para onde não ocupar espaço na ciclovia. É uma situação corriqueira nas ciclovias dos Parques Ibirapuera e Villa-Lobos, onde os guardas metropolitanos não fazem absolutamente nada e os garis limpam as pistas quando não há menor necessidade.
Sei que pedalar nas ruas não é para qualquer um. O relevo paulistano não é amigável para quem está fora de forma ou tem um equipamento sem marchas. O espaço é disputado por motos, carros, ônibus, caminhões, carroceiros, pedestres e até por animais (não aqueles com CNH - experimente pedalar no calçadão do Anhangabaú, onde é grande o risco de ser atacado pelos cães dos moradores de rua ). O ciclista só precisa de uma distância de 1,5 m, no mínimo, para se sentir seguro. Fico assaz irritado (eufemismo para não falar um palavrão e chocar meus queridos leitores) com os motoristas ou motoqueiros como os da polícia,  que passam por você na sua bicicleta, e fecham a passagem da direita, como se estivessem competindo por um metro a mais e buscassem pontos num videogame imaginário. Também não entendo como um motorista de ônibus adora empurrar o ciclista para a guia, mesmo sabendo que só vai parar daqui a uns 500 metros.  São estas pequenas maldades que fizeram do sr. Antônio Bortolucci mais uma vítima da estupidez urbana.
Eu tenho uma proposta de punição para o motorista de ônibus que assassinou o executivo da Lorenzetti e dificilmente vai cumprir alguma pena na cadeia -  pedalar diariamente em avenidas movimentadas de São Paulo por seis meses. Tenho certeza absoluta que ele vai passar a respeitar quem está numa bicicleta.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A insônia voltou.

      São 3h18 da segunda-feira, 6 de junho de 2011. Faz frio na madrugada paulistana. Horas antes passei por  moradores de rua enrolados em papelões e cobertores finos, que dormiam sob viadutos ou marquises. Tem gente vivendo bem pior do que eu. A imagem só me deprime. Começo a semana com insônia e sem perspectivas imediatas de trabalho. Busco ininterruptamente alguma explicação para o fato de não estar empregado. Só chego a uma conclusão: falhei no quesito sociabilidade. Nunca consegui entrar numa panelinha, que me garantisse ocupação a longo prazo e boas costas quentes.
      Só no Facebook, tenho  uma rede de mais de 500 amigos, conhecidos etc, mas ela só funciona para amenidades. Em um ou outro momento consegui alguma indicação para serviços. É raro. Já estou nesta situação de desemprego há mais de dois meses. É uma das piores coisas que pode acontecer a um ser humano. Você começa a se achar inútil, incompetente,fracassado, perdedor; fica tenso, a coluna doi,a cabeça gira em pensamentos ruins, a insônia volta a bater forte e por aí em diante. Uma incômoda rotina. Dizem que é culpa do Mercado. Será? Talvez esteja numa profissão em extinção. Nem o diploma é reconhecido.
      Bem, a segunda-feira chegou. A semana poderá trazer surpresas agradáveis. É importante manter o otimismo, o alto astral, o toque poliana de ser. Quem sabe esta crônica fica como uma lembrança distante de um tempo ruim que, se Deus quiser, vai passar rápido.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dois meses sem trabalho (pago)

Primeiro de junho. Uma linda quarta-feira de sol e até um pouco de calor. Pedalei 57 km, dos quais 30 km foram na ciclovia da Marginal Pinheiros. Estava perfeita. Praticamente deserta. Vi bandos de urubus, montanhas de lixo, lindas flores (sim, os canteiros são bem cuidados em alguns pontos), trens e estações funcionando normalmente  em dia de greve dos ferroviários da CPTM, e ouvi o relato de um colega triatleta, que foi atacado por um cão, que invadiu a pista. Já falei antes da ciclovia, que tem pequenos defeitos. Um deles, é a mal planejada passagem da estação Vila Olímpia para a pista propriamente dita. Se você não possuir uma bicicleta de cinco quilos, como a do triatleta, subir e descer as escadas com a magrela na mão será um exercício de musculação. Os obstáculos na ciclovia também atrapalham. Se o propósito é diminuir a velocidade, não faz sentido num local em que os pedestres são proibidos de circular. Reclamar da poluição do rio é como enxugar gelo. O espantoso é ainda ter vida animal e flora nas margens.
Primeiro de junho marca meu segundo mês de desemprego. Já recebi indireta no Facebook, por usá-lo para pedir trabalho. Ora, qualquer especialista em RH fala em procurar a tal rede de contatos para quem sabe arrumar algum job. Além disso, na minha área (sou jornalista de cama, mesa e banho, digo TV, jornal impresso, revista, o que pintar), só funciona o Q.I. Nada de Catho, Manager, Linkedin. O que funciona mesmo é ir às redações, ligar pros amigos e conhecidos e por aí vai. Porém, hoje, entrar nas redações é tão difícil quanto invadir o cofre central do Banco do Brasil.
Em setembro, espero comemorar 30 anos de profissão com apenas um presente - trabalho. Quem souber de alguma coisa, cobertura de férias, cobertura de éguas, qualquer coisa, é só dar um toque. Beno agradece.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

John Mclaughlin Mahavishnu Radioactivity

Memorial Day

Hoje nos EUA é o Memorial Day, data que lembra os americanos mortos em batalhas (e não foram poucas, já que o país adora uma intervenção  militar em qualquer  parte do planeta). Mas, pra mim tem um significado especial. Há 14 anos, desembarcava em Miami para a minha segunda e última viagem ao exterior. O real era moeda forte diante do dólar e na época, estava empregado! Como não sabia que era um feriado nacional, dei de cara com uma cidade vazia e com as principais atrações fechadas. Com um carro alugado, comecei a fazer hora dando uma volta por Miami, um Rio de Janeiro que deu certo, até parar na mansão do casal Jim e Margherite Kaplan e da filha Irina. Eles ficaram "muito felizes" de terem sido acordados bem cedinho num dia de folga. Gafe internacional à parte (e não foi a única), passei duas semanas maravilhosas na Flórida. Fui aos parques temáticos de Orlando, conheci Everglades (pedalei por lá e ainda ganhei muitas picadas de insetos), Key West (a estrada pra lá  e as praias no meio do caminho são demais) e outros lugares.A volta foi significativa. Fui  multado pela Receita, peguei sarampo das minhas filhas e me separei da ex.
Hoje, Miami faz parte das minhas lembranças afetivas. Irina, que na época tinha oito anos, está bonita e estuda na prestigiosa Vassar. Jim e Margherite continuam em Coconut Grove, um dos bairros mais legais da cidade. Ir para os EUA ficou tão difícil quanto arrumar um novo emprego. São Paulo faz um frio danado. Há 14 anos, encontrei a Flórida no início do verão quente pacas. Nesta segunda-feira,  acordei sem qualquer perspectiva de trabalho e sem saber o que fazer da vida. Por isso, Miami é importante para mim. Lembra que um dia fui um cara com a carreira estável, em condições de viajar para fora sem se preocupar com as contas e, que por duas semanas, foi feliz.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Na roça

Fui parar na roça. Não, aquela romântica citada pelos cantores sertanejos, nem a  operada cotidianamente pelos bravos lavradores ou a que é motivo de renhida briga no Congresso, entre ruralistas e ambientalistas, por causa do novo Código Florestal. Estou na roça dos desempregados.
Ontem, dia 19 de maio de 2011, era para comemorar um novo trabalho. Tinha reunião marcada para conhecer os novos colegas e o local onde ia ficar. A vaga era praticamente garantida. Mas, ela não estava. Uma pessoa com padrinho mais forte foi contratada para o meu lugar. Mais tarde, também cai na real em relação ao trabalho que vinha prestando na área esportiva há mais de seis meses. Sem pagamento, sem tarefas a cumprir há mais de 30 dias, depois de muita insistência, recebi a resposta que temia. No mesmo dia, fiquei sem o trabalho que ainda não tinha e sem o trabalho que pensava que tivesse.
Agora, espero o apoio dos amigos para que possa completar os 30 anos de jornalismo em 2011 em plena atividade e longe da roça.

Brian Setzer - Rock This Town - Live!

domingo, 1 de maio de 2011

Algumas impressões esportivas do final de semana

Pela primeira vez, vi uma luta inteira de Ultimate. Foi a vitória do brasileiro José Aldo Junior sobre um canadense, dentro de um estádio de Toronto, no Canadá, diante de mais de 50 mil espectadores, público recorde para um evento deste tipo. O brasileiro, que defendeu o cinturão com sucesso, arrebentou o canadense nos primeiros quatro assaltos, a ponto do adversário sair com um imenso galo na cabeça e sangrar muito. Achei que o árbitro, um cara enorme que chega a ser assustador, deveria ter interrompido a luta e dado a vitória ao campeão.No quinto e último, o canadense mostrou uma raça incrível e quase estragou a festa de José Aldo. Conclusões - Ultimate é um dos esportes (?) mais estúpidos que já vi. O boxe, que fica pau a pau em termos de estupidez, pelo menos tem regras mais claras e há mais proteção aos lutadores. Outra - impressionante o marketing em torno do Ultimate e é inegável a popularidade cada vez mais crescente do vale tudo.
Mais bonita foi a vitória de Juliana e Larissa sobre a dupla chinesa na final da segunda etapa do Circuito Mundial de Vôlei de Praia, na China. As brasileiras superaram o cansaço, o calor e ótimas rivais para ganhar de virada.
Fórmula Indy em São Paulo é que nem Carnaval no Sambódromo. Dizem que existe, tem até uma pista armada, mas a verdade é que não empolga. Não falo nem da chuva que atrapalhou a prova. Coincidentemente, ela aconteceu no mesmo dia que o mundo perdia Ayrton Senna há 17 anos. De lá pra cá, o Brasil não tem mais nenhum ídolo no automobilismo. Rubinho e Massa, definitivamente, não dão pro gasto. Na Indy, os brasileiros são eternos coadjuvantes. Pra piorar, as corridas são chatíssimas e o regulamento mais confuso que regimento interno do Congresso. A F-1 também não é muito melhor e tudo indica que o Brasil vai ficar sem títulos nas duas categorias em 2011.

domingo, 17 de abril de 2011

Beno na Virada Cultural

Quem viu a minha penúltima postagem, deve ter pensado - "Pô, o cara é um veterano de Virada Cultural e deu umas dicas bacanas" - pelo menos, foi a reação que senti nos comentários Mas, a realidade foi cruel e precisei mudar a minha programação em cima da hora. No sábado, desisti de ir de metrô ou de bicicleta e acabei indo de carro para o Centro, estacionando na "linda e cheirosa" alameda Cleveland, a duas quadras do palco da Estação Júlio Prestes, uma novidade deste ano, perto da paradisíaca Cracolândia e um pouco distante dos demais palcos. No caminho, uma linda Lua Cheia e uma noite quente. Chegamos (sim, estava acompanhado) no bis da rainha Rita Lee. Ficamos esperando a segunda atração do palco, A produção colocou rock na caixa, como aquecimento para o show de Edgar Winter. O irmão do Johnny parece um Ray Conniff menos careta. Cantou e tocou sax e teclados, acompanhado de uma banda afiada. Não faltou "Frankenstein", a música mais conhecida do veterano roqueiro. Não ficamos até o final. Resolvemos andar até o Boulevar São João para ver o Beatles 4Ever, que fez uma maratona de 24 horas com todos os álbuns dos Fab Four. No caminho, gays, bêbados, moradores de rua, lixo, famílias inteiras, putas, concurso de dança na avenida Ipiranga,travecos, turistas, xixi e cocô no ar e nas calçadas, vendedores de vinhos feitos em adegas caseiras, cervejas, red bull a R$ 6; e policiais que parecem ter obedeciam um decreto não escrito, que liberava o do consumo de drogas nos dois dias da Virada.
Quando chegamos no Boulevar, era intervalo de show. Cansados e um tanto tensos com a multidão, paramos numa padaria, jantamos e fomos embora, ouvindo o final de Irmandade do Blues e Larry McCray. Nada de Slim Jim Phantom, o baterista do extinto Stray Cats, nada de Marina. Bem, o sábado acabou mais cedo.
No domingo, último dia da Virada, mudei de estratégia. Fui sozinho e de bicicleta. Sol, dia lindo. Ruas do Centro bloqueadas. Uma delícia. Fui à tarde e perdi a Cor do Som, o Sossega Leão, Almir Sater. Cheguei a ver a passagem do som de Maria Alcina e Eddy Star em pleno Centro Velho, perto da BM&F e dos bancos. Desta vez consegui ver o competente Beatles 4Ever, que fez um perfeito cover do Abbey Road. Depois, fui ao Largo do Arouche para assistir os Incríveis, mas já havia acabado a apresentação. Não perdi a viagem. Conheci a banda californiana Los Straightjackets, que transformou o Arouche numa praia de Surf Music.Só faltaram o Frankie Avalon e Annete Funnicello. São quatro músicos muito bons. Um baterista, um baixista e dois guitarristas, que além de tocarem muito, fazem coreografias engraçadíssimas. Executaram a música-tema de Batman e até música de Michel Legrand, tudo em ritmo de Surf Music. Perto de mim, uma menina  de uns três anos fazia air guitar, deixando encabulada a mãe e provocando sorrisos na plateia. Foi uma hora de festa e, definitivamente, virei fã da banda.
Movimento seguinte, desisti de comer o maravilhoso sanduiche do Estadão, devido ao excesso de público. Voltei ao palco do Beatles 4Ever, que agora tocava os hits do álbum Masters Part 1. Do meu lado, o repórter Wallace Lara, de folga da Globo, com a mulher e o filho, com quem tirou foto, tendo o palco de fundo. Parti para a Líbero Badaró, onde vi rapidamente um show de jazz. Não me animei muito e fui para o Arouche, onde Erasmo Carlos levantou a multidão. De cara, declarou que ia cantar com prazer velhos sucessos pela enésima vez. Nego Gato ganhou uma versão com toques de Jimi Hendrix. Passei rapidamente pela Praça da República, antes do show do Paulinho da Viola, que acabei não vendo. Lá na praça completamente lotada, estava o Steel Pulse, uma banda histórica de reggae. Segui para a última atração que vi da Virada: o ótimo Soft Machine Legacy, na Líbero Badaró. Vi pouco. Já estava escuro, o vento estava frio e as iguarias árabes do Jaber da Domingos de Moraes me esperavam como prêmios por escalar a avenida da Liberdade e a Rua Vergueiro com vigor de garoto.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Roteiro Beniano para a Virada Cultural 2011

Faltam poucos dias para a Virada Cultural em São Paulo, um dos acertos da atual administração municipal. No sábado, dia 16, e no domingo,17 de abril, a cidade vira uma festa, especialmente no Centro, onde se concentram os principais eventos. Já vi shows memoráveis como o do Joelho de Porco na Praça da República, do ex-tecladista do Deep Purple, Jon Lord e orquestra na Praça Júlio Mesquita, a reunião do Premê na São João, entre outros.
Desaconselho para quem não gosta de multidão, não gosta de andar ou de ficar horas em pé. A segurança é reforçada, mas sempre tem os bêbados e drogados em geral (a Cracolândia é bem perto), e este ano a prefeitura promete limpar o lixo com mais presteza.  O metrô funciona a madrugada toda e vale a pena pedalar.  Aliás, vale o esforço para acompanhar a Virada. Já dei azar de pegar um temporal, mas faz parte do sacrifício.
Fiz um pequeno roteiro que tentarei cumprir na medida do possível. Meus alvos são os shows de música. Vamos lá, começando pelo sábado:
O ideal é ver a Rita Lee, na abertura, às 18h, na Praça Júlio Prestes. Mas acho que eu e um milhão de pessoas terão a mesma ideia. Minha esperança é que a maioria vai embora e não curta o que vem na sequência - Edgar Winter (20h), Irmandade do Blues (22h), Slim Jim Phantom, o baterista do Stray Cats (Rockabilly na certa à meia-noite). Perto dali, a uma hora da madrugada, está previsto o início do show da Marina Lima no Largo do Arouche. Se estivesse aqui, o Bolsonoro iria querer ficar longe do pedaço.
No domingo, o ideal era ter o dom da onipresença tamanha são as alternativas interessantes. Por exemplo: no mesmo horário, às 11h, tem a lendária banda Sossega Leão na São João e a gloriosa Cor do Som no Largo do Arouche. Sorry Skowa & cia, mas acho que vou ver a turma do Armandinho, Dadi, Gustavo, Mu e Ari. Ao meio-dia, tem Almir Sater no palco da Barão de Limeira. Às 16h10, tem Heartbreakers, a orquestra do meu amigo Guga Stroeter, no Coreto do Parque da Luz, palco de grandes peripécias da minha infância.  Às 17h, três grandes atrações. Daí repito a necessidade premente da onipresença: Soft Machine Legacy (uma das grandes bandas de rock progressivo) na Líbero Badaró,Erasmo Carlos no Arouche ou Steel Pulse,  com muito reggae na São João. Às 18h, tem o encerramento da Virada com o genial Paulinho da Viola, na Praça da República.
Ah, como se não bastasse tudo isso (nem falo dos Museus do Futebol,que funcionará até às 22h, e da Lingua Portuguesa, com entrada gratuita, e da programação de cinema, balé, mágica, etc.), terá a maratona do Beatles 4Ever no Boulevar São João, que vai tocar TODOS os discos dos rapazes de Liverpool.

Dicas de alimentação - Rei do Mate, a matriz na São João e o Estadão, no viaduto Major Quedinho.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sessão Comédia na dentista

Sou um cara absolutamente normal. Complexo? Só o de Golgi.
Por falta de tempo ou vagabundagem em abundância, não tenho escrito muito no blog. Por falta de assunto é que não é. Exemplo: estou no meio de um tratamento dentário. Sou atendido por três dentistas lindas e maravilhosas a ponto de ter devaneios de utilizar a cadeira para fins não-odontológicos, embora para isso haja a necessidade de abrir a boca. Uma cuida das gengivas, outra, de implantes e a terceira, dos tratamentos de canais. Para mim é confortável. Não preciso de grandes deslocamentos e o consultório ainda fica em cima de uma casa de bebidas, que é uma verdadeira Disneylândia para adultos que gostem um pouco de álcool. Ah, e na segunda-feira, passarei por mais uma (um?) dentista, que vai arrancar-me meus últimos dentes de leite (ha,ha,ha).
Para minha surpresa, a profissional que fazia os tratamentos de canais deixou o consultório e foi substituída por outra gracinha. Senti-me como cobaia de uma segundanista de faculdade do interior naqueles estágios que os universitários são obrigados a cumprir. Pois bem, vi que a coisa não seria fácil a partir do momento que ela não conseguiu radiografar o canal a ser tratado. Devo ter recebido mais raios X do que funcionário da usina japonesa de Fukushima. Já ia até levar o avental de proteção para ser minha nova roupinha. O passo seguinte foi um incrível tombo que a dentista levou quando foi sentar. Se fosse nos tempos de primário, poderia até ser culpado pelo acidente. Hoje, mais crescido, juro que não fiz nada. Ela simplesmente deslizou no chão liso e errou a pontaria na hora de sentar na cadeira. Depois, foi a vez do tratamento propriamente dito. Pela primeira vez, em mais de um mês, senti dores. Ela precisou aplicar três anestesias e só não pedi mais uma, porque precisava estar razoavelmente lúcido para pilotar a bicicleta de volta pra casa. Final da história: a dentista só fez um curativo e voltarei nos próximos dias para mais uma sessão de tortura (é impressionante como lembro de Maratona da Morte, que tem a cena clássica de Dustin Hoffman sendo torturado por Lawrence Olivier; e da Pequena Loja dos Horrores, com Stevie Martin no papel de dentista e Bill Murray como paciente que adora motorzinho e outras ferramentas que a turma do Dops usava sem anestesia, quando vou ao dentista).

Menções honrosas ao novo asfalto da ciclofaixa do Parque do Ibirapuera e da Domingos de Moraes. Se a prefeitura de São Paulo continuar neste ritmo, arrumando o piso das principais vias da cidade, é capaz de virar fã do Kassab.

Derek Trucks - "Layla/Jam" July 4th 1993

Eric Clapton - Pretending (Edit)(Album Version)

Eric Clapton - My Father's Eyes (Live Video Version)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quincy Jones & Toots Thielemans

TEVIN CAMPBELL "TOMORROW"

Segunda-feira chocante, a última de fevereiro de 2011

Segunda-feira punk - o assassinato de uma professora, mãe de uma criança de sete meses, em frente à escola em que trabalhava em Embu; o absurdo assassinato dos estudantes da FGV praticado por um namorado enciumado; a estúpida defesa do motorista fdp que atropelou os ciclistas em Porto Alegre; a estúpida defesa da mamãe do Funk que torturou o marido. Moacyr Scliar vai e os criminosos seguem impunes por aqui.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Walk & Don t Look Back - Peter Tosh & Mick Jagger

The Beatles - I Feel Fine

Joe Satriani - Sleep Walk Live

Brian Setzer - Sleepwalk

Brian Setzer - Sleepwalk

I've Got a Feeling - THE BEATLES

American Woman The Guess Who

Easy Rider - Steppenwolf - The Pusher

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Manhattan Transfer Birdland

Doadores de sangue

Alô pessoal, quer fazer a sua boa ação do dia? Uma dica - doem sangue ou indiquem pessoas que possam doar em nome da pessoa abaixo, uma mãe que passou recentemente por uma situação terrível.Desde já agradeço em nome dela e da família que é muito querida por nós.
FABIANA PESTANA BARBOSA – HOSPITAL SANTA JOANA


Os endereços e horários dos hospitais aptos a receber estas doações são:

HOSPITAL EDMUNDO VASCONCELOS
Rua Borges Lagoa, 1450 - Vila Clementino
11-5080-4000
Horário de doação
2ª feira à 6ª feira – 8h00 às 17h00
Link do mapa - http://aponta.me/3C6
HOSPITAL DO CORAÇÃO
Rua Desembargador Eliseu Guilherme, 147 – Paraíso
11-3053-6537
Horário de doação
2ª feira à 6ª feira – 8h00 às 17h00
Link do mapa - http://aponta.me/2KrM
HOSPITAL A.C. CAMARGO
Rua Professor Antônio Prudente, 211 – Liberdade
11-2189-5000
Horário de doação
2ª feira à 6ª feira – 8h00 às 18hs
Sábado – 8h00 às 17h00
Link do mapa - http://aponta.me/2jgy
CLÍNICA DE SANGUE DE SÃO PAULO
Av. Brigadeiro Luís Antonio, 2533 – Jardim Paulista
11-3372-6614
Horário de doação
2ª feira à 6ª feira – 8h00 às 14hs
Sábado – 8h00 às 17h00
Link do mapa - http://aponta.me/4Ic34
CLÍNICA DE SANGUE DE SÃO PAULO

Av. Brigadeiro Luís Antonio, 2533 – Jardim Paulista
11-3372-6614
Horário de doação
2ª feira à 6ª feira – 8h00 às 14hs
Sábado – 8h00 às 17h00
Link do mapa - http://aponta.me/4Ic34