Segunda-feira, 13 de abril de 2015, não foi um dia legal. Apesar de ser um dia de folga, não gostei de algumas coisas. Logo de cara, uma notícia ruim. Morreu Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, que impactou gerações com o livro As Veias Abertas da América Latina. Abro a internet e vejo que outro polêmico escritor, o alemão Gunter Grass, de O Tambor, também foi embora. Galeano era mais acessível. De Grass, só conseguia ler os artigos que eventualmente eram publicados na imprensa brasileira. Os livros dele eram chatos. Antissemita e pertencente à juventude nazista, não era um autor que admirasse.
Depois de fazer meu dever cívico de todos os anos, a declaração de imposto de renda, tratei de fazer um das coisas que mais gosto: pedalar no Ibirapuera. Muitos turistas, mães com seus bebês, corredores, ciclistas de diferentes níveis e vários skatistas e patinadores que ainda não sabem que ciclovia é apenas para bicicletas.
Almocei no meio da tarde, quando já havia pedalado mais de 35km. Parei num quilo na Vila Clementino, onde encontrei um colega de profissão, o seu Cesário. Um senhor que se recusa a ser chamado de senhor. Careca e bem-humorado como eu. Teria todos os motivos para reclamar da vida. Anda de muletas - perdeu uma das pernas, e até tira sarro da própria invalidez. Na saída do restaurante tem uma rampa, mas prefere descer dois lances de escada como se fosse uma criança levada brincando no recreio.
Hoje, corretor de imóveis, contou-me que foi funcionário da Controlar, empresa que era responsável pela inspeção veicular. Trabalhou dois anos sem faltar nenhum dia e chegar sempre na hora. Até que foi demitido. Nunca soube o motivo, mas suspeita que foi por causa da idade.
Chego em casa - 39 km completados - e descubro uma notícia estarrecedora. Cláudio Carsughi, um italo-brasileiro de 82 anos, foi mandado embora da rádio Jovem Pan, onde estava há mais de 50 anos. A causa da demissão seria para conter despesas. Justamente no momento em que a emissora contratava o meu amigo Mauro Beting e do Danilo Gentile.
Carsughi tinha participado do programa esportivo da hora do almoço. Conhecido pelos comentários minimalistas e precisos, com um humor fino e irônico, é um dos maiores especialistas em automobilismo e em futebol. Respeitadíssimo no meio esporivo, uma referência para qualquer jornalista.
Assim como o seu Cesário, não duvido que o real motivo da saída dele pode ter sido a idade. Experiência, cultura, inteligência. Nada disso foi considerado pela direção da empresa, que tem o direito de contratar e também de demitir. Mesmo que seja desumano.
O vídeo é de um coral americano, Young@Heart, que canta clássicos do rock e da música pop com uma disposição comovedora. É estranho ver uma turma de terceira idade com um repertório de Jimi Hendrix, Talking Heads (a dica foi de um dos padrinhos, o líder da banda, David Byrne, coincidentemente, um cicloativista), James Brown, entre outros. Passada a primeira impressão, ganha-se uma lição de vida.
Hora da Abobrinha
Lady Gaga (não), Paris Hilton (não), Justin Bieber (quem ?), Corinthians (sempre), mulher (sempre), rock (sempre), jazz (sempre), sertanejo (longe daqui), crônicas, baboseiras, bobagens, divagações, filosofias, conversas para bois (e vacas) dormirem, papos sem pé e sem cabeça, digressões, piadas, anedotas, observações, pílulas, sagas, prosopopeias...
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