Sou um dos últimos filhos do Baby Boom, a geração que vai do fim da II Guerra Mundial, em 1945, até 1960. Naquele ano, o presidente do Brasil era Jânio Quadros. Um ano depois, renunciaria ao cargo e abriria caminho para a ditadura militar. Em 1960, os Beatles ainda não haviam estourado, fato que só aconteceria em 1962. Milton Nascimento era um adolescente que completava 18 anos. Darcy Ribeiro comemorou 38 anos em 1960. O grande guitarrista e arranjador Mário Manga tinha apenas cinco aninhos. O meu amigo arquiteto Marcos Cartum nascia no mesmo dia que eu. 26 de outubro também é a data da inauguração da Estátua da Liberdade, que só conheço de filmes e fotos.
Como no ano passado, quando cheguei aos 50, infelizmente, não vou poder fazer a festa que gostaria. Tal como nesta ocasião, estou aguardando oportunidades de trabalho. Agora, já são sete meses de procura, espera e nãos. Apesar de estar razoavelmente bem de saúde (ontem mesmo, "só" pedalei 33 km e joguei futsal) e de ter uns trinta anos de experiência na área jornalística, não consigo retornar ao mercado. Boa parte disso atribuo ao meu gênio. Reconheço que sou um cara difícil. Tenho procurado melhorar muito este defeito de fabricação. Outras razões são a idade, a concorrência com gente nova e mais barata (às vezes, mais capacitada) e a falta de vagas. Sou um péssimo político/diplomata. Nunca me encaixei nas panelinhas e hoje pago por este comportamento arredio. Tenho mais de 600 amigos no Facebook e mais de 100 no Orkut, mas poucos estão realmente preocupados com a minha situação. Alguns foram de grande ajuda. Não vou dar nomes aos bois para não fazer injustiça, mas eles podem ter certeza da minha gratidão.
Como muitos da minha geração, fracassei na construção de um patrimônio sólido e no encontro de uma estabilidade profissional. Dois cursos superiores não foram suficientes para chegar a um patamar digno de orgulho para a família, mas principalmente para mim. A sensação de inutilidade é muito forte. Para fugir da depressão, ontem, participei de uma palestra na Fundação Dorina Nowill, da qual espero tornar-me um voluntário. As chances são grandes.
Aproveito para agradecer todas as mensagens que recebi pelo meu aniversário. São vitaminas para meus futuros 51 anos (se chegar lá).
Lady Gaga (não), Paris Hilton (não), Justin Bieber (quem ?), Corinthians (sempre), mulher (sempre), rock (sempre), jazz (sempre), sertanejo (longe daqui), crônicas, baboseiras, bobagens, divagações, filosofias, conversas para bois (e vacas) dormirem, papos sem pé e sem cabeça, digressões, piadas, anedotas, observações, pílulas, sagas, prosopopeias...
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