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quinta-feira, 1 de março de 2012

Nota de falecimento

Morreu nesta capital, o até então jornalista Beno Suckeveris. Tinha 51 anos, 11 meses só na última fase de  desemprego. Cansou de esperar e de procurar uma proposta de trabalho na área para qual dedicou quase 30 anos de carreira. Só não comemorou a data redonda em 2011, pois estava ocioso no dia 21 de setembro.
Como diria o contemporâneo canhoto e escorpiano Diego Armando Maradona, foi uma bela carreira. Estava no 3º ano do falecido curso de Rádio e Televisão (hoje é Multimeios? Multimídia?) da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, quando recebeu o convite irrecusável para trabalhar na Band. Começou como coordenador de praças do principal jornal da emissora. Num plantão, foi o primeiro a ver a notícia do início da Guerra das Malvinas num teletipo (sim, era da época do telex, do teletipo, da máquina de escrever, veja o que são estes equipamentos numa wikipédia da vida). Pena que faltou agilidade à retaguarda da Band para dar o furo. Na função de coordenador, teve dois desmaios por estresse, passou por uma greve por atraso nos pagamentos e viu muita gente boa se destacar. Já pai de uma menina, resolveu estudar jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, onde aprendeu, entre outras disciplinas, como colocar o cinema em dia, fazer o trajeto Morumbi-Paulista na hora do rush em tempo recorde, jogar bem tênis de mesa e a anacrônica taquigrafia. Bom aluno,  graças aos créditos recebidos na USP, fez o curso em um ano e meio.
De posse do diploma, logo foi promovido a editor internacional do Jornal da Band. Daí para outras aventuras não demorou muito. Só pelas empresas do Grupo Band de Comunicação, atuou mais de dez vezes. Entre outras passagens memoráveis, como editor do Canal 21 no tempo que este incomodava o jornal da Band capitaneado por Paulo Henrique Amorim, que levava surras diárias do 21, e como um dos fundadores do Band News, responsável pelos (muitos) acertos e  (poucos) erros das madrugadas. Era legal ver o Jornal Nacional dando uma notícia que ele já havia colocado no ar com umas 15 horas de antecedência. A carteira de trabalho, que não ganhava um registro há muito tempo, tem anotações de praticamente todas as emissoras de São Paulo. Também prestou serviços como repórter de esportes na Folha, como assessor e pesquisador da Confederação Brasileira de Atletismo e até escreveu anúncios de Natal e crônicas para a Gazeta de Pinheiros e Revista do Faustão. Também perdeu na primeira rodada de um torneio Imprensa de Tênis para o companheiro de SBT, Ibsen Costa Manso, mas defendeu pênaltis num torneio Imprensa de Futebol Society e ganhou passagens para os EUA em outro campeonato, desta feita promovido pela revista Placar. O brinde valeu  um passeio com a filhota pelos parques de Orlando, em plena Olimpíada de Atlanta, quando não foi escalado pela Rede Record, apesar de ser o editor de esportes da emissora!
Na Rede Globo, ainda nas velhas instalações da Praça Marechal Deodoro, foi editor do Bom Dia São Paulo e, como acontecera na primeira vez que trabalhou na TV Cultura, aprendeu que lidar com cobras no Instituto Butantam é menos arriscado.
O tempo passou e, desgostoso com a profissão, no auge da forma física (pedalava praticamente todos os dias, além de jogar futebol três vezes por semana), desistiu do jornalismo, e agora vai começar uma nova empreitada. Daremos os detalhes nas próximas edições deste blog.

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