Postagens populares

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Autorretrato aos 51 anos

Sou um dos últimos filhos do Baby Boom, a geração que vai do fim da II Guerra Mundial, em 1945, até 1960. Naquele ano, o presidente do Brasil era Jânio Quadros. Um ano depois, renunciaria ao cargo e abriria caminho para a ditadura militar. Em 1960, os Beatles ainda não haviam estourado, fato que só aconteceria em 1962.  Milton Nascimento era um adolescente que completava 18 anos. Darcy Ribeiro comemorou 38 anos em 1960. O grande guitarrista e arranjador Mário Manga tinha apenas cinco aninhos. O meu amigo arquiteto Marcos Cartum nascia no mesmo dia que eu. 26 de outubro também é a data da inauguração da Estátua da Liberdade, que só conheço de filmes e fotos.
Como no ano passado, quando cheguei aos 50, infelizmente, não vou poder fazer a festa que gostaria. Tal como nesta ocasião, estou aguardando oportunidades de trabalho. Agora,  já são sete meses de procura, espera e nãos. Apesar de estar razoavelmente bem de saúde (ontem mesmo, "só" pedalei 33 km e joguei futsal) e de ter uns trinta anos de experiência na área jornalística, não consigo retornar ao mercado. Boa parte disso atribuo ao meu gênio. Reconheço que sou um cara difícil. Tenho procurado melhorar muito este defeito de fabricação. Outras razões são a idade, a concorrência com gente nova e mais barata (às vezes, mais capacitada) e a falta de vagas. Sou um péssimo político/diplomata. Nunca me encaixei nas panelinhas e hoje pago por este comportamento arredio. Tenho mais de 600 amigos no Facebook e mais de 100 no Orkut, mas poucos estão realmente preocupados com a minha situação. Alguns foram de grande ajuda. Não vou dar nomes aos bois para não fazer injustiça, mas eles podem ter certeza da minha gratidão.
Como muitos da minha geração, fracassei na construção de um patrimônio sólido e no encontro de uma estabilidade profissional. Dois cursos superiores não foram suficientes para chegar a um patamar digno de orgulho para a família, mas principalmente para mim. A sensação de inutilidade é muito forte. Para fugir da depressão, ontem, participei de uma palestra na Fundação Dorina Nowill, da qual espero tornar-me  um voluntário. As chances são grandes.
Aproveito para agradecer todas as mensagens que recebi pelo meu aniversário. São vitaminas para meus futuros 51 anos (se chegar lá).

MILTON nascimento - nada será como antes

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Cenas Paulistanas - O aprendiz de funcionário. e a Lusa

Noite surpreendentemente fria de 18 de outubro de 2011. Depois de jogar futsal (2 vitórias, 1 derrota humilhante e vários chutes nas traves), parei minha bicicleta (total de 48 km de pedaladas) num supermercado. Enquanto estava no caixa, presenciei a reclamação de um jovem funcionário. Um cliente não havia gostado do embrulho para presente que ele havia feito e foi embora. O rapaz comentou a cena com o caixa. Ele disse que não era contratado para aquele serviço, que não era EMBRULHISTA.
Voltando para casa, ouvi no rádio um daqueles momentos históricos e emocionantes do futebol. No Canindé, a Portuguesa vencia o Vitória  e dez minutos antes de acabar a partida, a torcida da Lusa decidiu acabar com um protesto que já durava três anos. Para comemorar a classificação para a Série A, colocou as faixas, que neste tempo estavam colocadas de cabeça para baixo, no lado certo. Tal como o Juventus, a Portuguesa é o segundo time de muitos torcedores das grandes equipes paulistanas. Confesso que fiquei emocionado com a volta da Lusa para a divisão principal do futebol brasileiro. Em casa, vi o compacto do jogo vencido de virada por 3 x 2,  e o choro do técnico Jorginho "Cantinflas", que anos atrás perdeu um filho e agora, está com a mãe numa CTI. Até uma pedra choraria junto.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Jeff Beck with Stanley Clarke - Scatterbrain / Rock 'N' Roll Jelly (Live)

herbie hancock - george duke - stanley clark

Stewart Copeland Rhythmhatist pt. prima

Pra minha filha australiana

Há exatos 29 anos, eu vivi um dos momentos mais felizes da minha vida. Era pai pela primeira vez. Graças a Deus e ao meu querido médico, Dr. Ferreira, Stela veio ao mundo  com saúde. Foi um parto longo e dolorido. Que o diga a mãe Koio, que também me deu outra filha, a também linda Diana.
A maternidade homeopática que funcionava na rua Tucuna, na Pompeia não existe mais. A comida era ótima.  O atendimento excelente. Ficamos lá menos de 24 horas. O parto de cócoras foi um sucesso. Participei cortando o fio umbilical e "ajudando" o obstetra, contando piadas e rindo do sofrimento alheio. É bem verdade que levei uma coleção de Pasquim, que trouxe da biblioteca da ECA, para passar o tempo e soltar altas gargalhadas a ponto de ser expulso do quarto.
Stela nasceu numa noite quente e estrelada de uma segunda-feira. Logo corri para um orelhão na Afonso Bovero para comunicar a boa notícia à família. Naquele final de ano, sairia formado da USP com um hoje inútil diploma de bacharel em rádio e televisão. Já trabalhava como coordenador de rede do Jornal da Band. Sete meses antes já havia colaborado decisivamente para dar um "furo" - a notícia do início da Guerra das Malvinas.
29 anos depois, Stela continua linda e saudável, agora independente, mas bem longe dos pais, na distante Austrália.Felizmente, existe a tecnologia que nos aproxima via computador e diminui as saudades. É um grande presente.
Hoje, não tenho a coleção do Pasquim por perto (o CQC e o Pânico da época, com a diferença de ser muito mais inteligente,engraçado e genial, afinal tinha Millôr, Paulo Francis, Ivan Lessa, Henfil e Jaguar, entre os craques).  Além do inútil diploma da USP, tenho o de jornalismo da Cásper Líbero. No momento, de pouquíssima utilidade. Exemplo disso é, que há uma semana, perdi dois trabalhos. Um, que dava como certo na Gazeta Doc, e o outro, que não contava mesmo devido à dificuldade da seleção, que era na TV Cultura.Bem que gostaria de dar notícias mais felizes como a da noite de 4 de outubro de 1982. Fico devendo essa, Stela. Um beijão pra você.