O domingo já está chegando ao fim. O frio, não. Continua gelado em São Paulo e, ao contrário do que é dito no ótimo Meia-Noite em Paris, do Woody Allen, a capital paulista não fica bonita, especial, linda nos dias de chuva. Paris não é Pari.
Descubro nas estatísticas do blog, que sou mais lido nos Estados Unidos do que no Brasil. Tenho apenas 12 seguidores e a desvantagem de estar fora da mídia (mais de três meses sem trabalho - espero o fim desta situação nesta semana). Só o Mano Menezes tem mais de um milhão de seguidores no Twitter. E olha que não conquistou nada com a medíocre seleção ameaçada de uma vergonhosa eliminação na primeira fase da Copa América. Ok, não dirijo nenhuma equipe, mal sei cuidar do meu apartamento. Mas o Mano é insosso nas coletivas, não tuita (quem faz isso é a filha dele) e não tem o menor pingo de humor que, modestamente, carrego nas minhas linhas.
Uma torcedora sãopaulina, velha colega de jornalismo, me cobra uma posição sobre o uso de dinheiro público na construção do estádio do Corinthians. Sou absolutamente contra, assim como sou contra qualquer marcha que paralise a Avenida Paulista, a vinda da Copa e da Olimpíada para o Brasil (será que precisamos mesmo de pretextos externos para consertar a infraestrutura defasada há séculos ou construir elefantes brancos como os estádios de Cuiabá, Manaus, Brasília, Natal, Recife???), o uso de cebola na alimentação humana, a permanência de Ricardo Teixeira como dirigente máximo da CBF; a falta de educação no trânsito, especialmente, em relação aos ciclistas; flanelinhas, manobristas na porta de restaurantes/bares a preço de refeição completa; leilões de joias, programas religiosos, Zorra Total e outras porcarias que grassam nas tevês. Também sou contra gasolina batizada, etanol a preço de destilado escocês, filas, caspa, bitucas de cigarros e chicletes jogados no chão, vizinhos metidos a DJs,gente ignorante,que não está nem aí, por exemplo, quando conversa alto no celular ou estaciona em vagas destinadas a idosos ou pessoas especiais.
MEIA-NOITE EM PARIS: Quem for esperando abrir a boca para soltar gargalhadas no novo filme do Woody Allen, vai perder o tempo. Ele exige inteligência do espectador logo nos primeiros minutos, quando a câmera passeia por Paris ao som do clarinetista Sidney Bechet, que foi um dos muitos americanos que trocaram os Estados Unidos pela França. As piadas são sutis demais e merecem, no máximo, um sorriso nos lábios. Owen Wilson, como alter ego do diretor-roteirista, está perfeito. A ideia de ser reconhecido como autor sério é antiga para Woody Allen, que foi massacrado em alguns filmes, Interiores, por exemplo, por ter a pretensão de ser um Bergmann novaiorquino. Em Meia-noite em Paris, Allen trabalha isso com o ideal de ser criticado por escritores do nível de uma Gertrude Stein ou Hemingway. Tem a história de viver numa época dourada. No caso, os anos 1920, em Paris. Cada uma deve ter a sua (a minha seria os anos 1960, em Londres, com Jimi Hendrix, Eric Clapton, os Beatles, os Rolling Stones fazendo a trilha sonora), mas claro que é um exercício impossível de ser realizado. O que é monótono e chato para, digamos a namorada de Picasso, Hemingway etc, interpretada pela belíssima Marion Coutillard, que gostaria de viver na virada dos séculos XIX para o XX, é espetacular para a personagem de Wilson, que tem a oportunidade surreal de conviver com os grandes artistas, muito mais interessante do que encarar um casamento com uma mulher fútil, filha de pais reacionários. Neste ponto o filme remete à outra obra genial de Allen, A Rosa Púrpura do Cairo, também um conflito entre realidade e sonho. Beno recomenda.
Lady Gaga (não), Paris Hilton (não), Justin Bieber (quem ?), Corinthians (sempre), mulher (sempre), rock (sempre), jazz (sempre), sertanejo (longe daqui), crônicas, baboseiras, bobagens, divagações, filosofias, conversas para bois (e vacas) dormirem, papos sem pé e sem cabeça, digressões, piadas, anedotas, observações, pílulas, sagas, prosopopeias...
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