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domingo, 10 de julho de 2011

Meia-noite em SP

O domingo já está chegando ao fim. O frio, não. Continua gelado em São Paulo e, ao contrário do que é dito no ótimo Meia-Noite em Paris, do Woody Allen, a capital paulista não fica bonita, especial, linda nos dias de chuva. Paris não é Pari.
Descubro nas estatísticas do blog, que sou mais lido nos Estados Unidos do que no Brasil.  Tenho apenas 12 seguidores e a desvantagem de estar fora da mídia (mais de três meses sem trabalho - espero o fim desta situação nesta semana).  Só o Mano Menezes tem mais de um milhão de seguidores no Twitter. E olha que não conquistou nada com a medíocre seleção ameaçada de uma vergonhosa eliminação na primeira fase da Copa América. Ok, não dirijo nenhuma equipe, mal sei cuidar do meu apartamento. Mas o Mano é insosso nas coletivas, não tuita (quem faz isso é a filha dele) e não tem o menor pingo de humor que, modestamente, carrego nas minhas linhas.
Uma torcedora sãopaulina, velha colega de jornalismo, me cobra uma posição sobre o uso de dinheiro público na construção do estádio do Corinthians. Sou absolutamente contra, assim como sou contra qualquer marcha que paralise a Avenida Paulista, a vinda da Copa e da Olimpíada para o Brasil (será que precisamos mesmo de pretextos externos para consertar a infraestrutura defasada há séculos ou construir elefantes brancos como os estádios de Cuiabá, Manaus, Brasília, Natal, Recife???), o uso de cebola na alimentação humana, a permanência de Ricardo Teixeira como dirigente máximo da CBF; a falta de educação no trânsito, especialmente, em relação aos ciclistas; flanelinhas, manobristas na porta de restaurantes/bares a preço de refeição completa; leilões de joias, programas religiosos, Zorra Total e outras porcarias que grassam nas tevês. Também sou contra gasolina batizada, etanol a preço de destilado escocês, filas, caspa, bitucas de cigarros e chicletes jogados no chão, vizinhos metidos a DJs,gente ignorante,que não está nem aí, por exemplo, quando conversa alto no celular ou estaciona em vagas destinadas a idosos ou pessoas especiais.

MEIA-NOITE EM PARIS:  Quem for esperando abrir a boca para soltar gargalhadas no novo filme do Woody Allen, vai perder o tempo. Ele exige inteligência do espectador logo nos primeiros minutos, quando a câmera passeia por Paris ao som do clarinetista Sidney Bechet, que foi um dos muitos americanos que trocaram os Estados Unidos pela França. As piadas são  sutis demais e merecem, no máximo, um sorriso nos lábios. Owen Wilson, como alter ego do diretor-roteirista, está perfeito. A ideia de ser reconhecido como autor sério é antiga para Woody Allen, que foi massacrado em alguns filmes, Interiores, por exemplo, por ter a pretensão de ser um Bergmann novaiorquino. Em Meia-noite em Paris, Allen trabalha isso com o ideal de ser criticado por escritores do nível de uma Gertrude Stein ou Hemingway. Tem a história de viver numa época dourada. No caso, os anos 1920, em Paris. Cada uma deve ter a sua (a minha seria os anos 1960, em Londres, com Jimi Hendrix, Eric Clapton, os Beatles, os Rolling Stones fazendo a trilha sonora), mas claro que é um exercício impossível de ser realizado. O que é monótono e chato para, digamos a namorada de Picasso, Hemingway etc, interpretada pela belíssima Marion Coutillard, que gostaria de viver na virada dos séculos XIX para o XX, é espetacular para a  personagem de Wilson, que tem a oportunidade surreal de conviver com os grandes artistas, muito mais interessante do que encarar um casamento com uma mulher fútil, filha de pais reacionários. Neste ponto o filme remete à outra obra genial de Allen, A Rosa Púrpura do Cairo, também  um conflito entre realidade e sonho. Beno recomenda.

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