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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Humildade Relativa do Ar

O clima em São Paulo anda  tão seco que o único vento que rola é de pum.
Na quarta-feira, presenciei uma cena de filme. 4 bandidos que fugiam de um assalto entraram num ônibus na Avenida São João. Para azar deles, a polícia, que fazia uma operação contra o comércio de peças roubadas de motos,  chegou rapidamente ao banco. Até veio um helicóptero, que  ficou sobrevoando o ônibus numa baixíssima altitude. Felizmente, os criminosos foram rendidos e ninguém saiu ferido.
Hoje é sexta-feira, dia 27 de agosto, aniversário de cinquentinha do meu amigo de faculdade, Márcio Ferrari (desculpe entregar a idade). Daqui a dois meses, será a minha vez. O último ano do Baby Boom (1960) comemora meio Corinthians (no sentido etário) em 2010. A festa vem sendo acompanhada de seriado (Men in Certain Age, na Warner), com presidente americano (Obama é um dos nossos) e , como pedalo diariamente, uma geração saúde. São cinquentões com jeito de adolescentes. Malham, correm maratonas e tentam no final de tudo, rejuvenescer para chegar com qualidade aos últimos anos de vida. Quem sabe garantir uma vaga na ala dos não-fumantes dos cemitérios. São os preocupados com médicos, remédios, exames, com uma possível Alzheimer, incomodados com a barriga, com o excesso de peso, com a celulite, os pés de galinha e por aí vai. No meu caso, hipocondríaco de natureza e médico amador a ponto de até adivinhar ( e acertar) o que os colegas profissionais vão receitar aos amigos, a coisa tem dado certo. Em  menos de 2 anos, perdi uns 15kg, tenho uma disposição para ir e voltar do trabalho de bicicleta, subindo ladeiras como se fossem terrenos planos e até melhorei de uma incômoda dor provocada por hérnia de disco que um açougueiro, digo um cirurgião queria operar.
Esta semana, parecia que uma nuvem negra me acompanhava. Abri o supercílio direito e entortei os óculos ao bater com tudo numa porta de vidro, que não tinha a mínima indicação de que estava fechada. Sangrei mais do que mulher naqueles dias. E ainda ouvi as gozações dos colegas, que felizmente não presenciaram a cena de comédia pastelão.
Não foi só isso: quando chegava em casa, o pneu da bicicleta furou. Lei de Murphy, fazer o quê.
Pior aconteceu com um senhor de idade, que na quinta-feira, procurava desesperadamente por um pacote de fraldas perdido na Avenida Jabaquara. Pensamos - o que leva alguém a roubar um pacote de fraldas de um velhinho? É como levar a mamadeira de um bebê, a bengala de um deficiente visual, um pneu de bicicleta,  um pé de sapato. Crime hediondo.
Liberaram a sátira de políticos, mas a melhor notícia foi o presente de aniversário daquele time da periferia do Bar do Alemão. 3 gols do lanterna Atlético-GO.
Aliás, quem sofreu a pior derrota da semana - O Corinthians, que continua mal fora de casa, mas tem gordura (ronaldo) suficiente para ficar longe do 3º colocado? O time da periferia da Giovanni Gronchi, que empatou em casa com o Vasco e está em crise, quase na zona de rebaixamento? A ridícula equipe do Felipão, que deve estar se arrependendo de ter deixado o campeão do Uzbesquistão? Ou os caiçaras, que ganharam bonito do Grêmio no Olímpico, mas perderam o craque Ganso???

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mais cenas paulistanas

Pare, ore e siga -  está lá no drive-thru da oração, Domingos de Morais perto de um dos piores cruzamentos da cidade, aquele do supermercado Pastorinho, que demora minutos que parecessem horas. O drive-thru, invenção americana que já tinha visto em bancos e lanchonetes, chegou aos domínios da fé. Edir Macedo deveria ser estudado nos cursos de marketing.
No domingo, pedalei no Minhocão cheio de fotógrafos orientais. Curiosamente,  eles (elas eram a maioria) apontavam as câmeras para baixo do elevado ou para ruas que, sinceramente, me pareciam comuns. Fora o Castelinho da rua Apa, que juntou quatro fotógrafos, não compreendi o que eles miravam. Apenas um fotógrafo não-oriental me chamou a atenção para um prédio de cor forte (vinho, framboesa, rosa, pink), que certamente estarei fotografando na próxima vez. Bem mais para frente, senti um aroma do campo (do polígono da maconha) emanado de um rapaz, que passeava com um amigo e uma menina linda (filha dele? Do amigo?). Que cena mais familiar!
De resto, as cenas de sempre pelo Centro - o saxofonista da esquina da Benjamin Constant com a rua Direita.
Desço a motofaixa da Vergueiro, rezando para não ser atingido por uma moto, por um pedestre desatento, um saco de lixo esparramado por esta que é uma das ruas mais sujas da cidade. Até aí tudo normal. O que me deixa revoltado mesmo é a ignorância de certos motoristas. Um, que invadiu a faixa, que é sinalizada, tem monitor da CET com bandeirinha, e mesmo assim, invade a motofaixa. O outro foi um fdp de um motoboy, que fez questão de me fechar a passagem. De sacanagem mesmo.
Segunda-feira, fui e voltei do trabalho de bicicleta. Secura na boca. Secura no ar. Poluição. Pedalando no calçadão me sinto no Vietnã ou em Beijing tamanha a multidão surda e cega, que não ouve o ciclista buzinar ou assoviar, nem vê o modelito "Papai, cheguei de Marte". Felizmente, não acertei nenhum pedestre. Aliás, estou para entender porque as pessoas gostam de usar as guias rebaixadas para atravessar as ruas. Elas usam rodinhas nos pés?
Mudando completamente de assunto para não pensarem que sou neurótico, maluco ou qualquer coisa parecida (longe disso, sou mesmo neurótico, maluco e coisa parecida), fiquei embasbacado com o brinquedinho que o Rodrigo Alvarez testou na Califórnia especialmente para o Fantástico. Um jet sky com carenagem imitando um tubarão e com uma cabine de submergível. Coisa de Xmen, de Johnny Quest, de ficção científica. Quero um pra mim! Só sei que mergulhar  com um deles no Tietê não vai dar certo. A vista deve ser, literalmente, uma merda.

domingo, 22 de agosto de 2010

Guerra Civil

Meus queridos 7 seguidores deste blog (estou em campanha para aumentar o número):
A Rocinha, o Heliópolis, Paraisópolis, Real Parque, Complexo do Alemão, Favela Naval, Alba, Rua Mauro, etc são as nossas Faixas de Gaza. O que aconteceu neste sábado no Rio, o tiroteio e a invasão do Hotel Intercontinental são sintomas da guerra civil que vivemos. Não há Bolsa-Família nem Bope que dê conta disso. Quando vejo que Dilma é favoritíssima a ganhar no 1º turno da eleição presidencial, ficou assustado. Nem tanto pela candidata (um poste indicado pelo Lula seria eleito), mas pelas (más) companhias: PMDB, Sarney, Collor, Pallocci e por aí vai. Com esta turma, não há condições de qualquer tipo de ruptura. Vamos continuar um país campeão em desigualdades. Os outros candidatos também não me empolgam. O Serra caminha para encerrar uma brilhante biografia como presidenciável derrotado. A Marina é emblemática como o Lula, tem boas ideias, mas deveria ter buscado o governo do Acre ou o Senado. Plínio e os outros nanicos são piadas. O único que poderia ter mudado a face da eleição era o Ciro Gomes. Pra começar, teríamos um upgrade de primeira-dama. Segundo, o cara é escorpiano, maluco como eu  e por isso, imprevisível. Terceiro, é competente, fora a cagada de ter sido ministro do Lula. Acho que será a melhor alternativa daqui a 4 anos, quando o PT estará desgastado pelos 3 mandatos seguidos, o PSDB tentará se recuperar com o Aécio e PMDB/DEM, bem,  vão apoiar qualquer coisa que os mantenha no poder.
De qualquer forma, se alguém souber como consigo a nacionalidade lituana ou letão, me avise. Nem sei se tenho 0,000001% de chance, mas que ia ser legal ter um passaporte comunitário, seria mesmo. Com certeza, estacionaria a minha magrela num poste de Amsterdã.

sábado, 21 de agosto de 2010

Andando nas ruas do Centro

Faltam menos de duas semanas para voltar a uma rotina que pensei que encerraria este mês. De novo, vou precisar mandar currículos, implorar trabalhos, etc.
Enquanto isso, aproveito meus últimos dias de trabalho na RIT Notícias para  flanar nas ruas do Centro.
O título desta postagem deve ser cantado com o sotaque falso argentino do Próspero, grande figura de uma inesquecível e subestimada banda paulistana chamada Joelho de Porco.
Nesta sexta-feira ensolarada e seca (a tarde mais seca do ano, umidade relativa do ar nos 18%, rinite acelerada, ar condicionado no máximo em cima da minha cabeça e depois, Beno é isso, Beno é aquilo, Beno tem que ser um cordeirinho, engolir todos os sapos, cala-te boca Beno!), andei pela imunda av. São João, que nem com os caminhões-pipas da prefeitura, consegue ficar limpa. Mas eu gosto dela assim mesmo.
Os malucos vendem pulseirinhas. A Galeria do Rock ferve. Do outro lado, uma pequena portinha comercializa tudo (quase tudo, acho que não vende kaya por lá) que diz respeito ao reggae. Em cima da Casa da Mortadela, sobrevive a academia de halterofilismo. Uma vez, cismei de me matricular numa aula de Karatê. Não me lembro porque desisti.
Na frente, o Rei do Mate, matriz de uma franquia copiada à beça, mas que é imbatível.
O Bar Avenida não existe mais. Nem o pernil que tantas vezes matou minha fome da madrugada.
O Bar Brahma virou coisa de grã-fino. Um nojo. Seguranças, cercadinhos e adeus ao tempo que qualquer um entrava lá para tomar chope rapidinho.
O trânsito na avenida é caótico. Precisa ser muito esperto para não avançar na contramão. Os pedestres, bem os pedestres, danem-se os pedestres.
Multicultural, é possível passar por uma família de latinos (bolivianos? peruanos? Nem o Chávez sabe a diferença) e por magotes de nigerianos, que passam horas nos bares e sabe como sobrevivem. Tráfico? Maldade, preconceito. Porém, como podem trabalhar por aqui se falam dialetos ?
Um espetáculo à parte é o desfile de travestis e putas. Fellini teria dificuldade para escolher os figurantes.
Hoje, passou um candidato num estranho veículo, que parecia uma carreta puxada por um triciclo, transportando um helicóptero fake ! No som, Maluco Beleza, do Raul. Em seguida, outro triciclo extended.
Saio à noite, entre as várias propriedades do pastor R. R. Soares, um centro de umbanda, que passo no exato momento que baixa o santo.
Vejo o saudoso Cine Metro, onde fui barrado com uma ex-namorada no filme Sequestro do Metrô, por ela não ter 14 anos. A película estrelada por Robert Shaw, o caçador de tubarões do filmão do Spielberg, não tem absolutamente nada censurável. Um zelador que mata alunas de uma escola no Paraná ou um pai que joga a filha de uma sacada são mostrados em rede nacional. Hoje, o cinema virou teatro do pastor. Em volta, vendedores de churrasquinhos, de bijuterias, de qualquer coisa.
Passo no Largo do Paiçandu e um homem dorme enrolado num cobertor.
Em frente ao Anhangabaú, uma roda de samba celebra a alegria do fim do expediente. O meu também terminou. Vou dormir.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Horário eleitoral - Eleja Hora da Abobrinha para ser seu blog

Sempre pensei que as ondas de frio iam embora logo de São Paulo para poder me deixar pedalar. Parece que agora são permanentes. O vento gelado não me anima muito a praticar exercícios ao ar livre. Exceto, andar até o metrô e do metrô pro trabalho.
No caminho desta terça-feira de sol indeciso em aparecer, vi uma cena curiosa naquela esquina da avenida Ipiranga com a São João (a música do Caetano virou tão clichê que mudo de estação para não ouvi-la mais): oito garotas com a propaganda de um candidato pendurada como as dos homens-sanduíches da 24 de Maio, da Barão de Itapetininga. O sinal fecha para os carros. Elas se dividem. Quatro numa das três faixas da Ipiranga e as outras quatro nas outras 3 faixas. Ficam de costas para os motoristas para que eles vejam a foto do candidato. O sinal abre. Descansam e começam tudo de novo. Uma simpática jogada de marketing.
Começou o horário de propaganda gratuita (e o tal do fundo partidário bem que podia pagá-la) no rádio e na TV. Conforme o Estadão de domingo (15/8) havia avisado, vi o Serra numa favela fake, cercado de povo fake, como se fosse popular. Não ouvi o que disse. Não me interessa. Vale para os outros candidatos. Em casa, no horário do rádio, ouço música. Na TV, vou para os canais a cabo que não precisam cumprir a exigência da lei. É a grande (e talvez) única vantagem da TV a cabo. Além de escaparmos do horário eleitoral, nos livramos das mensagens do presidente, dos ministros (já teve até o da Pesca em rede nacional!!!) e de qualquer outra autoridade.
Por isso, recomendo como alternativa, a leitura da Hora da Abobrinha. Faça deste blog o seu blog. Prometo entregar doses diárias de ironia, sarcasmo e humor (e mau humor) para o seu deleite. Amanhã tem mais.

Noite de TV na segunda-feira

Sou noveleiro de dois capítulos - o primeiro e o último. O suficiente para apresentar e encerrar uma novela. Sou mais eclético. O poder do controle remoto e as opções da TV a cabo ajudam muito. Sem falar do youtube. Porém, nesta segunda-feira, dia 16 de agosto de 2010, data que alguns colegas assopram velhinhas (Jorge Grinspum, Silvio Lancellotti, Mané Valença, Celso Teixeira), preferi assistir os canais abertos. Um deles, a TV Cultura que o Sayad quer acabar apresentou um Roda Viva delicioso com o escritor Moacyr Scliar. Como eu, ele não é um defensor fanático de Israel, especialmente das políticas estúpidas dos governos conservadores pós-Rabin. Gostei dos conselhos a quem quer ser escritor. Entre eles, ler muito e o que gosta, publicar o que escrever e o que achar ruim, deletar e como treino, fazer um blog. Também falou da mãe judia. A dele particularmente nunca o deixou passar fome...
O programa foi tão bom que teve gosto de quero mais.
Fim do Roda Viva, fui para o Ronnie Von, que falou dos 33 anos da morte de Elvis Presley. Outro papo gostoso.
Rapidinho fui pro CQC e dei sorte de pegar o Top Five. Briga entre jornalista e político no Amapá, Maísa acusando o colega de soltar um pum no palco, Ferreira Gullar acabando com toda a conversa fiada de uma repórter da Band, que não entendeu uma versão que virou música do Fagner e a campeã da semana, a Vanusa, que errou a letra de uma música e emendou com outra para desespero da banda que a acompanhava.
Tudo isso me fez perder dois seriados que adoro, o Chuck e o Californication. Mas não se pode querer tudo, não é mesmo?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Domingo de plantão

Depois de quase um ano e cinco meses, voltei a fazer plantão numa TV.  Coisa que a maioria dos colegas odeia fazer e que neste final de semana, encarei com alegria de novato em redação. E olha que de sexta para sábado, dormi quase nada. No sábado, completei a terceira semana consecutiva sem jogar futebol, e a tarde de domingo (15/8/2010) foi a mais fria do ano. Pinguim estava procurando lareira.
Também voltei a tirar fotos, o que não fazia há uma semana. Fotografei alguns prédios do entorno da RIT (Rede Internacional de Televisão), onde trabalho temporariamente. São edifícios da alameda Barão de Limeira e da rua Vitória, na chamada Boca do Lixo. Construções belíssimas que fizeram da região uma das mais disputadas pela burguesia paulistana antes dela se deslocar para os Jardins e a região da Paulista. Hoje, estão abandonadas e só não se encontram em situação pior, porque as fachadas, originais ou não, estão livres de propaganda e podem ser admiradas pelos fãs da charmosa arquitetura do Centro de São Paulo.
É claro, que o lixo e a fauna do pedaço tiram o brilho. Bem perto dali tem o Andraus, local de tenebroso e marcante incêndio. Hoje, passa desapercebido para quem tem menos de 40 anos.
Nestes dias de trabalho, tenho olhado com água na boca para talvez o único carrinho da cidade especializado numa das minhas iguarias favoritas - o pudim de leite. Geralmente, acaba rápido. Uma mulher de uns 25, 30 anos no máximo, traz o pudim dentro de uma forma de alumínio e vai cortando as fatias à medida que vai vendendo. Cada uma custa uma mixaria - R$ 2. Ainda vou experimentar...
Na esquina da Avenida São João com o Largo do Paiçandu, tem o famoso churrasco grego. Também, um dia, vou experimentar. Será a minha tentativa de suícidio gastronômico.
Neste domingo, vi o Filé do Morais, na rua Vitória em frente à Praça Júlio Mesquita, vazio em plena hora do almoço. Pudera, o famoso filé custa R$ 67, sem contar bebida, gorjeta, etc. Na sexta, passei de bicicleta pela filial da Alameda Santos, pouco antes de levar uma fechada de um taxista com acentuado problema de visão, incapaz de enxergar um ciclista com farolete alto, colorido feito índio em festa, descendo a ladeira no maior gás.
O frio abaixo dos 10º deveria ser proibido de circular nesta cidade por ordem da prefeitura, que  adora regular tudo (e faturar em cima de tudo).
Almocei hoje na velha padaria Palmeiras, da esquina da Albuquerque Lins com a General Olímpio da Silveira, acompanhado de dois colegas de trabalho, a Renata e o Anderson. No ato, lembrei dos cafés da manhã que tomava com a equipe do Bom Dia São Paulo, quando a Globo ocupava uma modesta e acanhada instalação em frente à Praça Marechal Deodoro. Aqui a Vênus era acinzentada. Tempos que chegava de madrugada e encontrava a Toninha, uma conhecidíssima moradora de rua (morreu?), brigando com trombadinhas ou exercitando o esfíncter sob o Minhocão. Houve uma madrugada que escapei de um tiroteio. Quase virei notícia.
A Globo mandava um café da manhã saudável para a redação. Sanduíches de salame ou de mortadela. Colesterol nas alturas.  O nutricionista e hipocondríaco autor da Hora da Abobrinha era o único que se levantava contra o cardápio das 5, 6 horas da madrugada. Depois do jornal sair do ar e da reunião de pauta, íamos para a padaria que fui hoje. Era uma época que os grandes jornalistas da Globo andavam nas ruas sem serem importunados por caçadores de autógrafos ou de fotos.
Uma vez, cruzei com o Hans Donner, que o porteiro não queria deixar entrar. Segurança é um capítulo para uma próxima postagem. Precisei explicar para a anta quem era o cara que ele estava barrando.
Naquela época, não tinha Instituto Somar ou Climatempo. Eu ia até a janela da redação para fazer a previsão do tempo. Modéstia à parte, errei raríssimas vezes.
Foi lá que conheci o Tony Ramos, a Cláudia Raia, o Ary Fontoura, o Armando Nogueira,  o Rogério Cardoso (Rolando Lero),  o Jornalista Roberto Marinho...Numa madrugada, apareceram Fátima Bernardes e William Bonner, que já conhecia da Band.
Editávamos em formatos de vídeo pré-históricos e escrevíamos as laudas em máquinas de escrever !!! E hoje, com tantos recursos, a molecada que sai das faculdades não sabe quem é Robert Zimmermann!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Cenas incomuns

Manhã de 10 de agosto de 2010. Ando de metrô desde a inauguração na década de 1970, e até então nunca tinha passado por duas situações. A primeira foi a do maquinista avisar aos passageiros que ficaríamos parados por alguns instantes para a retirada de um objeto na via. Logicamente, pensei no pior. Um suicida? As luzes foram desligadas e, depois de um breve intervalo, a composição foi embora para a zona norte.
A segunda situação foi mais estranha. Desta vez, a maquinista mandou todos descerem dos vagões na estação Clínicas, que não é final de linha.  Só me lembro de coisa parecida no filme Dama da Lotação. O motorista,  personagem de Roberto Bonfim manda todos os passageiros do lotação irem embora para ele transar com a dama Sônia Braga. Felizmente, no metrô, não houve cena parecida (faltou a Sônia Braga???). A composição foi pra garagem (metrô tem garagem?) e ficamos na estação à espera do próximo trem.
Desci na Vila Madalena e fui de ônibus para a Lapa. Mais detalhes numa próxima postagem.
Com tempo livre, fui a pé para o Centro. Coisa de uns 3, 4 km. Sem pressa, admirando o Sesc Pompéia (Pompeia pela nova ortografia), as calçadas estreitas que prefeito algum deve ter botado os pés, já que os políticos não são chegados a pedestrianismo (não confundir com pederastia), a quantidade enorme de moradores de rua ocupando o passeio; a sujeira, os pequenos comércios e os camelôs, que sabe lá Deus como sobrevivem perto de hipermercados e shopping centers, o oásis que é o Parque da Água Branca (ou como está na placa em frente à entrada principal - Água Branca Park), o horroroso elevado que homenageia um dos ditadores do regime militar e o pavoroso, nojento, lamentável parque que é vizinho do Shopping Bourbon.
O Gato que Ri mudou a fachada. Acho que nem tem mais o balcão. Os preços são para executivos e não para jornalistas free-lancers. Almoço um honesto prato feito vendo o Globo Esporte versão Rio de Janeiro.
À noite, volto pra casa. Os frequentadores dos botecos mais fuleiros podem assistir ao primeiro jogo da seleção sob comando do Mano Menezes em TVs de plasma. Como não sou assinante de determinado canal a cabo, só ficarei sabendo do resultado bem mais tarde.
Evito o caminho que tem de um lado, uma agência do Itaú, e do outro...uma agência do Itaú, herança da incorporação do falecido Unibanco. Se não fosse a travessa Ronald Ross, a turma do Roberto Setúbal teria unido os dois endereços. Fui pelo caminho que dá nos estacionamentos de duas farmácias, causa de um dos raros congestionamentos que acontecem nos finais de semana, em São Paulo. Precisei mudar de calçada. Numa, um homeless literalmente dormia ocupando todo o espaço. Pensei comigo mesmo: como São Paulo é bonito...

Two and a Half Men

Os fãs do Charlie Sheen  não estão nem aí se ele será preso por dar umas porradas na mulher. Parece até uma extensão do personagem dele em Two and a Half Men, ao lado de The Big Bang Theory (Bazinga!),  o melhor seriado de humor da TV a cabo.
Nunca assisti a versão dublada que passa no SBT. Tem que ser a original da Warner. Até nas reprises é engraçado. Provas disso foram os dois episódios exibidos nesta segunda-feira. No primeiro, Charlie se reúne com o irmão Alan (o ótimo coadjuvante Jon Cryer), o atual marido da ex-cunhada (personagem de Ryan Styles, um dos improvisadores do programa do Drew Carey - não sei se acertei no nome) e o Michael Duncan (o Joe Coffee de A Espera de um Milagre) para uma noitada de vinhos e charutos. Duncan leva biscoitinhos e pede martini de maçã. Numa gozação sobre as rígidas leis californianas, Herb (Ryan Styles) pergunta se pode fumar charutos em casa. Charlie responde que na casa dele não tem nenhuma mulher para aporrinhar sobre isso. Mas Alan estraga tudo ao ter o típico comportamento de uma dona de casa, pedindo para jogar as cinzas no cinzeiro e colocar um porta-copo para não estragar a mesa. O entregador de pizza, que se formou na faculdade, foi para a uma empresa que faliu e foi abandonado pela mulher, se junta ao grupo.
Como se não bastassem as piadas sobre nomes de pênis, todos menos Charlie cantam a música-tema de Shaft, um clássico do cinema negro americano, com os brancos fazendo corinho!!!
O outro episódio envolve a mãe de Charlie e Alan, a ótima atriz Holland Taylor. Charlie fica tão preocupado com o encontro dela com a noiva em um almoço, que acha que a mãe vai melar seu futuro casamento. A mãe, corretora de imóveis de alto padrão, sai do escritório depois de saber que um cliente milionário sofreu um enfarto. É como um funcionário de funerária que vai medir o caixão de um moribundo. Sozinho, Charlie se vê diante de um cartaz da sua mãe em tamanho natural, segurando uma placa de venda de imóvel. Pega um marcador e pinta um bigodinho de hitler nela. Haja terapia!

domingo, 8 de agosto de 2010

Cenas paulistanas de um Dia dos Pais

Para quem é pai como eu, é muito estranho passar essa data, independente do caráter comercial dela, longe do meu pai (que virou estrela em 1995) e das minhas filhas que vivem bem distante de São Paulo. Uma, em Ilha Solteira, na divisa com o Mato Grosso do Sul, e a outra, bem longe mesmo, na Austrália. Felizmente, o skype e o celular permitiram que tivesse contato com as duas neste domingo ensolarado. Assim, não passei tão apertado num dia que representa muito para quem tem o privilégio de ter um pai ou de ser pai.
Pieguices à parte, depois de uma semana gelada e feliz com a volta ao trabalho, nada melhor do que aproveitar para fazer exercícios físicos ao ar livre (fiz em recinto fechado nestes dias...). Como o futebol brasileiro ficou privado da minha arte no sábado pela manhã, sobrou para o ciclismo alguns 55 km pela cidade.
O bom do domingo é pedalar por ruas que normalmente são ruins para os ciclistas. Muitos ônibus, pedestres cegos, motoristas que não respeitam, etc. E entre as boas notícias, está a de poder usar faixa de moto sem motoboy. É o caso da Rua Vergueiro na direção da Praça da Sé.  Aliás, a Vergueiro é uma das vias mais doidas de se entender em SP. Para que não a conhecesse, ela vem da Anchieta,  cruza a Tancredo Neves, a Ricardo Jafet e vai embora para a Paulista. Só que invés de seguir como Vergueiro, vira Bernardino de Campos e vai como Vergueiro, como disse acima, até a Sé.
No caminho, vi coisas curiosas. Uma delas: o delegado Protógenes Queiroz, aquele que foi afastado quando investigava o banqueiro Daniel Dantas, é candidato a deputado.
A segunda: um virtuose do violão sentado na frente de um pet shop, na Avenida Liberdade (poético hein???), tocando para uma plateia invísivel.
A terceira: um clarinetista na Senador Feijó, no Centro, sentado no degrau de uma loja fechada. Quando passei, estava em horário de intervalo.
Quarta: os dezenas de sem teto dormindo numa tarde de domingo a menos de um quilômetro do local de trabalho (?) do sr. gilberto kassab.
Quinta: a democratização da sujeira. Pedalei 55 km - Saúde, Vila Mariana, Liberdade, Centro, Santa Cecília,  Higienópolis, Pacaembu, Sumaré,Vila Madalena, Vila Beatriz, Alto de Pinheiros, Vila Leopoldina, Vila Romana, Lapa, porcódromo (região onde fica o desativado estádio do time que não ganha de ninguém, tendo o sr. Felipão de treinador) - , e constatei o que até um deficiente visual percebe (a menos que não tenha olfato). A cidade tem lixo em tudo que é lugar. O Minhocão devia mudar para Mijódromo. Sem falar os donos de cães, que  são incapazes de recolher o maluf (pode ser outro político, a escolha é sua) do chão.
Sexta: sei que nas lojas coreanas de roupas femininas do antigo bairro judaico do Bom Retiro, não é permitido experimentar roupas. Pois bem, precisava comprar sandálias daquela marca famosa que diz que não soltam as tiras (mentira, as minhas soltaram e arrebentaram, por isso fui atrás de uma  nova). Fui à loja de fábrica, a Meggastore do Shopping Santa Cruz. Primeira dificuldade - não tem vendedor ou alguém que descubra as sandálias no meu número. E quando acha, elas estão num lugar que só é possível pegá-las de rapel. Depois, o problema é encontrar um banquinho para experimentar. Sou das antigas. Do tempo que qualquer loja de calçados tinha cadeiras, calçadeira, etc. Tudo bem, a ideia é de um outlet. Só que até o mais vagabundo dos outlet tem lugar para experimentar calçados. O único da tal meggastore é um estrado com capacidade para cinco, seis pessoas no máximo. Numa loja lotada de gente, é uma ideia de jerico. Não vou me alongar no assunto, mas para experimentar as sandálias,  me apoiei numa estante, fechei o caminho de outras pessoas com a minha mochila e fiquei descalço. Prático.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Aquecimento global é o escambau

Mal completei uma semana de trabalho e posso me vangloriar de um feito: fui um dos primeiros a saber que o goleiro Felipe rescindiu o contrato com o Corinthians e provavelmente vai jogar no Sporting Braga de Portugal. Detalhe: trabalho numa emissora modesta de recursos e mesmo assim, soube filtrar uma informação que apareceu na internet por volta das 19h desta quinta-feira gelada.
Quem gosta de futebol viu dois jogos emocionantes no meio da semana. Não sou torcedor de nenhum dos quatro times, mas gostei da final da Copa do Brasil e da semifinal da Libertadores. Nenhuma retranca, lances de muita técnica e raça e dramaticidade até o final. Evidentemente, que ver o Internacional eliminar o time da região do Jóquei Clube, no estádio que não serve para Copa foi bom demais...
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Estou trabalhando no Centro de SP. Passo por um sex-shop e brinco com os colegas a respeito de um objeto. Pergunto se ele serve para encher pneu de bicicleta...
Muita coisa mudou das referências que tinha da região. O Bar Avenida, que tinha um sanduíche divino de pernil, não existe mais. O Bar do Jeca, do outro lado da São João,  também já era. Sobraram o Rei do Mate e o Ponto Chic.
O cine Metro virou igreja. O cine Regina é um  hotel. O Gato que Ri ficou caro e fechou a entrada. O Almanara da Vieira de Carvalho é só uma lembrança. Ficou apenas o da Basílio da Gama, perto da Galeria Metrópole, local  do primeiro rodízio de pizza, o Chá Mon, onde vi um conhecido comer 16 pedaços de massa grossa e bem recheada.
Reencontrei a Salada Record do lado do Bar Brahma, mas sem nenhum charme. Cadê Um, Dois, Feijão com Arroz, do falecido ator Mário Benvenuti? Cadê o La Farina? O Piolin e o Spazio Pirandello não existem faz tempo...A Galeria do Rock virou cenário de novela da Globo!!!
O Centro sempre foi decadente. Apenas mudou a fauna. Hoje, se vê mais gays e travestis. Os shows de sexo ao vivo estão às moscas. O lixo se amontoa nas calçadas, onde moram os sem-teto. Ainda há muitos cortiços, treme-tremes, que afasta moradores em potenciais. É triste que isso aconteça bem perto da  prefeitura, que parece que ignora o entorno como se não tivesse responsabilidade alguma. De elogiáveis são a Lei Cidade Limpa, que diminuiu a poluição visual e hoje, é possível admirar belas fachadas; a Virada Cultural, que resgatou a relação da população com o Centro e o Metrô que facilitou o acesso.
Voltarei ao assunto em outra postagem.
 

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Primeiro dia

Um final de semana na bucólica Atibaia e uma preguiça danada deixaram um pequeno intervalo entre esta e a última postagem.
O bom de tudo isso é que, com pouco mais de um mês de férias forçadas por falta de serviço, voltei a trabalhar  em TV. Aliás, estava fora de uma emissora desde o dia Primeiro de Abril de 2009 e não é nenhuma mentira.
Agora, estou no RIT Notícias, um canal pertencente ao grupo do pastor R.R. Soares, mas criado para ser um BandNews ou um Record News bem mais modesto. Felizmente, sem interferências maiores da religião sobre os assuntos. Lá como em TODOS os meios de comunicação, os donos dão suas diretrizes e avisam o que não podemos informar. Pelo menos é uma atitude honesta e lembra-nos que a liberdade de imprensa tem os seus limites.
O RIT Notícias está instalado num pequeno prédio bem próximo do edifício Andraus e da Praça Júlio de Mesquita. A esquina mais próxima é a Aurora. Como todo paulistano que circula ou já circulou pelo centro, dá para perceber que é uma região barra pesada. Travestis, gays, putas, executivos, jornalistas, imigrantes angolanos, nigerianos, traficantes, moradores de rua, o Bar Brahma, igrejas evangélicas, centro de umbanda, sex shops, Rei do Mate, cine Marabá, Praça da República, Barão de Limeira.
A redação é pequena e faz parte do cenário do jornal. Durante à tarde, vários jornais de, no máximo, dez minutos, e dois de uma hora cada um. À noite, até às 22h, mais dois jornais de uma hora.
No meu primeiro dia de recomeço de carreira, tudo funcionou tranquilo. Por enquanto, é um frila. Como disse aos colegas, vim pra somar e não pra dividir, e que Televisão é uma caixinha de surpresas.