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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sem saída

O primeiro e-mail que li nesta manhã ensolarada da última quarta-feira de setembro foi deprimente. Com elegância, uma funcionária da Fundação Cásper Líbero agradeceu o meu interesse por uma vaga na Gazeta Doc, mas anunciou que ela já foi preenchida. Na prática, significa que vou continuar desempregado por mais algum tempo. Se nada mudar até o dia 1º de outubro, o ciclo (má fase, maré baixa ou qualquer eufemismo que se aplique no caso) completará seis meses. Frustrante.
Na semana passada, "comemorei' 30 anos de jornalismo com a quase certeza de que iria ocupar a vaga do saudoso Walter Pimentel na Gazeta Doc. Só faltava a assinatura do diretor para dar andamento ao processo. Dancei.
Já fazia planos de trocar de carro, de comprar uma nova geladeira, de programar férias. Mais do que isso, sabia que minha ansiedade diminuiria bastante, que as dores provocadas por uma hérnia de disco suavizariam e que minha autoestima voltaria a subir. Já era.
Estou prestes a fazer 51 anos. Apesar da minha endocrinologista pegar no meu pé por causa de alguns números negativos, estou com uma disposição física excelente. Pedalo no mínimo 30 km por dia. Ontem, foram 41 km e ainda joguei futsal à noite. A volta foi por uma ladeira de quase 600 m. Procuro ficar sempre bem atualizado. Praticamente, não saio da internet. Tenho uma memória invejável. Nada disso ajuda. Tento não jogar a toalha, mas começo o Ano Novo Judaico de 5772 na maior merda. Shaná Tová para todos. Que venham melhores notícias!

JEFF BECK with B.B. KING - Key To The Highway

Gentle Giant - Proclamation

Allan Holdsworth Atavachron

Amy Winehouse - Me & Mr. Jones - Live HD

Amy Winehouse - Me and Mr Jones Live

terça-feira, 20 de setembro de 2011

30 anos um dia

Amanhã, vão se completar 30 anos do meu primeiro dia na Band. Comecei como coordenador de rede do Jornal da Band graças ao ex-diretor Luiz González, hoje um próspero empresário ligado à GW (González e Woile Guimarães, outro grande jornalista que tive o prazer de conviver na Globo), irmão do Fábio, hoje diretor jurídico daquele time da Baixada Santista, e do Henry, e filho do saudoso Waldemar, amigão do meu pai.
Em setembro de 1981, estava cursando o terceiro ano de Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da USP. Um ano e um mês depois, já era pai da Stela.
Comecei numa grande escola junto com Maria Cristina Poli, a apresentadora do Jornal da Cultura, Bel Rocha e Carlos Roberto Zen, esta lenda viva do Jornalismo Extraterrestre, hoje diretor dos programas musicais da TV Sesc e na TVT de São Bernardo do Campo. Foi uma das melhores redações que tive oportunidade de trabalhar, interrompida por uma greve causada por um incômodo atraso de meses de salários. A maioria foi demitida e mesmo assim, teve uma carreira brilhante pela frente.
A bancada do Jornal da Band era formada por uma dupla de craques - Ferreira Martins e Joelmir Betting. Um exemplo da competência do Joelmir foi no dia da estreia da novela Os Imigrantes, de Benedito Ruy Barbosa. Na ocasião, a Globo ainda se preocupava com a concorrência da emissora do Morumbi e, por isso, esticou o Jornal Nacional em 40 minutos, propositalmente, para atrasar a novela. Pois bem, o Joelmir improvisou durante todo este tempo e segurou a barra do jornal. A novela foi um dos raros sucessos de dramaturgia da Band, que se acomodou na posição que ocupava hoje no Ibope. Uma pena, pois foi e é uma escola para muitos profissionais e um bom lugar para se trabalhar. Tanto que voltei várias vezes pra lá e sempre fui bem recebido, inclusive pelas famílias Saad/Jafet.
Durante cinco anos, fui coordenador de rede, responsável pela recepção das matérias que vinham via Embratel. Era uma operação complicada, que dependia de telex, da boa vontade dos funcionários da então estatal de autorizações das chefias (o que significava $$$) e da qualidade técnica das gerações. Eu cheguei a parar duas vezes no hospital por conta do estresse.
Minha promoção a editor só aconteceu depois de ter me formado jornalista na Faculdade Cásper Líbero, onde fui craque de ping pong e assíduo frequentador dos cinemas da redondeza.No primeiro dia de aula, o professor de rádio e televisão prometeu levar os alunos para visitar os teletipos (!!!) da Band. Eu, que acabara de chegar de lá e convivia diariamente com os teletipos (sim gente, não havia internet nem computador, precisávamos teclar em máquinas de escrever - irritado com as constantes quebras, uma vez joguei uma no chão para ver se alguém tomava atitude e melhorava o hardware), declinei do convite e pedi dispensa da matéria.Cumpri o curso feito presidiário. Marcava os dias que faltavam para tirar o diploma. Fiquei de fora da formatura. Afinal, ela aconteceu  no primeiro dia das minhas férias e o paraninfo da turma, Joelmir Betting, era meu colega de trabalho.
Hoje, não tenho mais colegas de trabalho. Aliás, nem trabalho eu tenho, mas não poderia esquecer o 21 de setembro de 1981. Trinta anos um dia.  

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

010.MOV

Considerações a respeito de um blog

Meu blog está no ar há mais de um ano. Nunca gerou um centavo aos cofres do seu criador (alguém ainda tem cofre em casa?). Em compensação, atrai gente de todo o mundo. Fui acessado nos Estados Unidos, Alemanha, Austrália, em várias partes do Brasil e isto me orgulha.Tenho menos de 15 seguidores. Parece até uma célula de um minúsculo partido que luta pela libertação do povo de uma remota ilha filipina ou de uma tribo da Papua Nova Guiné. Um fã clube de um conjunto de bairro. Não dá nem para completar dois times de futebol de campo,no máximo, de futsal.
Tenho uma concorrência enorme na rede. Desde os famosos até os anônimos como eu, que insistem em publicar coisas que deveriam ficar guardadas, esquecidas em algum armário virtual. Não vejo isso como problema. Eu preciso desabafar de algum jeito. Uns batem a cabeça na parede. Outros carregam melancia. Não, não adianta implorar que não farei vídeos caseiros de sacanagem. Não é a minha praia, embora não esconda que gostei das fotos nuas da Scarlett Johannson que vazaram por aí. Ela é uma das provas que Deus existe.
Nesta quarta-feira gelada e feia, 14 de setembro de 2011, perdi mais uma chance de trabalho por critérios misteriosos. Infelizmente, caminho para a pior situação que  previa para comemorar meus 30 anos na área jornalística. A melhor maneira de festejar a data, que acontecerá na semana que vem, seria trabalhando. Alguns conhecidos até me recriminam por ser pouco reservado nos meus comentários. Acham que sou negativista demais e que nem deveria estar alardeando a fase ruim (apesar de não ser muito esotérico, é inevitável pensar que estou no inferno astral, que no meu caso dura meses). Por isso, decidi adotar um comportamento mais Poliana. Tudo está lindo, leve e solto. Nada de ruim rola por aqui. Estou muito feliz de estar há um tempão só me dedicando ao lazer.
Faço um apelo, não mais para o ladrão que furtou meus documentos há quase duas semanas (lembrei muito dele na Biblioteca Mário de Andrade e nos Poupatempos, onde estive nos últimos dias), mas para você, meu querido leitor (sem ironia). Gostaria muito que este blog fosse lido pelo maior número de pessoas. Recomende-o aos amigos, aos parentes e aos inimigos (afinal, é um saco ser uma unanimidade). Se todos fizerem isso terei uma grande oportunidade de não mais depender de indicações de emprego, de enviar meu currículo inutilmente e, quem sabe,  virar um cara famoso além dos domínios da família Suckeveris . O autor da Hora da Abobrinha agradece.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Novo apelo ao ladrão desconhecido

Como escrevi na penúltima postagem,  tive uma mochila furtada com um talão de cheques, porta-moeda, documentos e uma câmera que acabara de ganhar da minha filha mais velha, que aparece comigo numa foto há 29 anos, objeto de inestimável valor sentimental, que foi junto. Também perdi um convite-imã do encontro dos ex-alunos do Ginásio Israelita Brasileiro Scholem Aleichem, que havia ocorrido na véspera, e o funil para encher uma garrafa metálica de bebida. Nesta madrugada me dei conta de ter ficado sem uma guia de exames que faria esta semana. Sr. Ladrão, não sei qual é o motivo de tanta maldade para não me devolver a guia, os documentos, a foto, o funil e um porta-moeda.
Bem, aos poucos estou repondo os documentos. Na última sexta-feira, 9/9, peguei a bike e fui embora. Saúde, Mirandopólis, Vila Clementino, Vila Mariana, Liberdade, Centro, Bom Retiro, Ponte Pequena, Santana, Santa Cecília, Bela Vista, Paraíso. Ao todo 39 km debaixo de sol escaldante e tempo seco feito deserto. Fiz o circuito do inferno - Detran, cartório de registro civil e Poupatempo. É também um excelente exercício de paciência e uma forma masoquista de entender como funciona a burocracia deste país.
Vejamos: no Detran, que fica num prédio horroroso em frente a um poluidíssimo rio Tamanduateí, o movimento lembra o de uma tenda de milagres. Vendedores ambulantes atrapalham a passagem e funcionários públicos atrapalham a população. Despachantes e particulares sobem e descem as escadas atrás de filas e mais filas. Evidentemente, que não  escapei de uma delas. Mesmo tendo feito o licenciamento pela internet, fiz a bobagem de pegar o documento pessoalmente. A facilidade online termina no momento da entrega. É fila para dar entrada (e você reza para que o comprovante impresso em casa tenha o mesmo valor do que o feito num banco)  e outra para a retirada. Alguns minutos perdidos, mas felizmente saio do Detran com o licenciamento e mais um ano sem multas, fato que muito me orgulha.Sinal que escapei dos radares e dos guardas de trânsito nos últimos doze meses. O que não significa que não tenha cometido infrações. Apenas que não fui pego pelos sistemas de vigilância.
Do Detran fui ao cartório de registro civil que fica numa ladeira de Santana, antigo endereço dos meus primos filhos da minha Tia Rosa, que hoje vivem em Israel. É o mesmo cartório onde gente importante como Ayrton Senna foi registrada. Ele, em março, e eu em outubro do mesmo ano de 1960. Apesar de poucas pessoas na fila, demorei para ser atendido. Para meu azar, uma idosa entrou na minha frente e fui obrigado a ver mais um pouco do jornalismo policial da TV Record. Já eram 14h da tarde e ainda não havia almoçado. Logicamente, isto influiu no meu  (mau) humor. O valor de uma 2ª via de certidão de nascimento que me fora passado por telefone já não era o mesmo in loco. Felizmente, uma funcionária disse que não precisa de uma nova certidão de nascimento para obter um novo RG. Erro de informação do Poupatempo, meu novo destino.
Depois de contar com a gentileza dos motoristas na Ponte das Bandeiras e de algumas fechadas de outros condutores, cheguei à Praça Alfredo Issa, perto do Bar do Léo, o melhor chope de São Paulo,  Realmente, o Poupatempo ajuda o cidadão, mas ainda tem muitos vícios burocráticos. Primeiro, a necessidade de passar por uma triagem para receber uma senha. Segundo, a exigência de várias cópias de documentos, mesmo que você esteja com os originais em mãos. Só sei que ter uma máquina de xerox nas redondezas é um ótimo negócio. Volto para a fila. Não demoro muito e sou atendido por um funcionário que dá mais atenção às conversas das colegas do que para o meu caso. Pergunta se quero colocar o número do CPF no futuro RG. Até topo. Só que precisava ter levado o original para a informação ser incluída. Mostro a CNH (a de 2010, já que a de 2011 foi furtada), que consta o CPF lá bonitinho e legível.  Não serve. Dispenso o número, recebo tinta em todos os dedos para carimbá-los numa ficha, e agora devo receber num prazo de dois a três dias úteis, o novo RG, que terá um digito a mais, sinônimo de mais problemas na hora de se identificar.
Na Alfredo Issa, não posso tirar a segunda via da Carteira Nacional de Habilitação. De bicicleta, chego rápido e fácil à Praça da Sé. Vou ao Achados e Perdidos do Metrô, onde o simpático atendente tem uma certa dificuldade para entender o meu nome. Soletro do jeito Vila Sésamo: B de bola, E de Ester, N de nada e O de onda, entendeu agora sr. Cruzamento de Equinos? Nada dos meus documentos furtados. Vou ao segundo Poupatempo do dia. Salvo uma mulher de atropelamento. Ela viu um ônibus parado e achou que o sinal estava aberto, quando na verdade o coletivo esperava para não ficar em cima da faixa de pedestres. Dei um grito e uma bronca na mulher, que quase fez que eu virasse testemunha de uma tragédia. No Poupatempo da Sé, nem perdi tempo (desculpe o trocadilho infame). Soube com um funcionário quais documentos eram necessários (não batia com o que aparece no site) e quanto gastaria para ter uma nova CNH e fui embora. Perto dali, um viralata coçava o corpo castigado pelas pulgas, indiferente ao movimento e às exigências cartoriais para se viver neste país.
Agora, sr. Ladrão, vê se devolve a guia de exames, meus documentos e, principalmente, o funil sem o qual não dá para encher a minha garrafinha de whisky.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tríplice tragédia

Para mim, 6 de setembro deveria ser feriado (embora, pela falta de trabalho, tenha virado. Até pedalei 36 km nesta terça-feira ensolarada) pelo grande motivo de representar o dia que escapei do exército. Hoje, faz 33 anos que me livrei deste peso, terrível dor de cabeça para os meninos de 17 anos. Como era época da ditadura militar, imaginem o alívio para mim.
Já 7 de Setembro é feriado há mais tempo. O dia da independência foi magistralmente descrito por Laurentino Gomes no ótimo 1822. Para quem não leu, o Grito dado por D. Pedro I foi menos épico do que o pintado por Pedro Américo (um quadro que, por sinal, é plágio). O querido monarca passou maus bocados na viagem de Santos para São Paulo e a Independência foi proclamada numa parada para uma cagada às margens do Ipiranga, hoje, um córrego sujo e esquecido.
Para mim e meus irmãos mais velhos,  o 7 de Setembro é  um dia de luto. Há 47 anos, perdíamos a nossa mãe vítima de uma doença que seria facilmente curável nos dias de hoje. Um adeus prematuro e traumático. Meus irmãos Jaime e Silvia ainda puderam conviver por mais tempo com Dona Stella. Eu não tive a mesma sorte. Ela se foi pouco menos de dois meses antes de eu completar quatro anos. Guardei raríssimas lembranças. Se Deus existe, no dia 7 de setembro de 1964, Ele estava de folga, havia descido para a praia ou coisa parecida. Desculpem-me se a brincadeira foi de mau gosto. A verdade é que minha fé Nele  e nas religiões foi diminuindo ao longo dos anos.
Além da perda da minha mãe, a tríplice tragédia do título remete a outros dois fatos lastimáveis de 1964. Um deles, no Primeiro de Abril, que marca o início da longa noite da nefasta ditadura militar que abateu o país. A outra tragédia foi a morte da minha avó paterna no final daquele ano. Ou seja, no mesmo 1964, o meu pai ficou viúvo, com três filhos para cuidar e ainda ficou órfão de mãe. Não tive o prazer de conhecer o pai dele que morrera anos antes. O meu avô foi um grande homem que salvou a família ao ler o livro de Hitler antes da eclosão da II Guerra Mundial. Inteligente, tratou de tirar mulher e os cinco filhos da ameaçada Lituânia para vir ao Brasil recomeçar a vida. Sem esta decisão eu não estaria aqui para fazer mais uma crônica especialmente  para a Hora da Abobrinha.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Apelo ao ladrão desconhecido

Caro (sim, está me dando uma boa despesa de tempo e dinheiro) ladrão
Gostaria que o sr. larápio devolve-se pelo menos os documentos e alguns objetos importantes para mim, que estavam numa mochila vermelha, presente de aniversário que recebi do casal Mauro e Marly. Ela foi furtada no último sábado, quando eu participava de um churrasco, dividia várias cervejas e alguns goles de Black Label com os meus amigos do futebol. As bebidas não são desculpas pela minha desatenção. A sensação de perda resolve qualquer ressaca.
O talão de cheque não terá serventia. A polícia e o banco já sabem que ele foi subtraído de mim e está bloqueado.
Os documentos, principalmente os do carro, a segunda via do RG e a minha carteira de habilitação, também não vão servir para o sr. gatuno. Pode ficar com o bilhete único, mas você (já estamos ficando íntimos. Afinal, pelos documentos, já sabe quem eu sou, onde moro, quem são os meus pais e que eu mesmo sou pai - tem uma linda foto com a minha filha recém-nascida no colo, tirada há quase 29 anos) não precisa da minha ficha de inscrição na Biblioteca Mário de Andrade. Aliás, se o sr. fosse um leitor, certamente, teria uma cabecinha menos ligada ao mundo do crime, exceto, se gostasse de literatura policial. Recomendo Agatha Christie para começar  nesta área. A velhinha era ótima, mas não há informações de que ela tenha furtado alguma coisa ou matado alguém. Ou seja, não aplicava na prática o que escrevia.
Pode levar os níqueis guardados num porta-filme fotográfico (alguém ainda usa?) improvisado como moedeiro. Não vou querer de volta os comprimidos de Pepsamar, apesar da eficiência do remédio nas minhas frequentes crises de azia. O mesmo vale para o porta-óculos.
Triste mesmo ficarei sem a foto citada acima, sem os documentos (serei obrigado a visitar o inferno, digo Detran, digo Poupatempo) e sem a minha câmera Canon, recentemente, recebida de presente da minha filha que vive na distante Austrália. Na véspera, eu tinha fotografado um encontro de ex-colegas do saudoso Ginásio Israelita Brasileiro Scholem Aleichem e feito imagens inéditas do prédio do Bom Retiro, que soube pelo meu amigo Jorge, que era obra do arquiteto Jorge Wilhelm. O convite-imã de geladeira, uma obra sensacional do Marcelo Cipis, também estava na mochila.
Um último apelo: Sr. Ladrão, as fotos tem um imenso valor para mim e meus amigos. Venha aqui, faço de conta que não fui furtado, baixo as fotos no computador e nem dou queixa para a polícia. Topas?