Para mim, 6 de setembro deveria ser feriado (embora, pela falta de trabalho, tenha virado. Até pedalei 36 km nesta terça-feira ensolarada) pelo grande motivo de representar o dia que escapei do exército. Hoje, faz 33 anos que me livrei deste peso, terrível dor de cabeça para os meninos de 17 anos. Como era época da ditadura militar, imaginem o alívio para mim.
Já 7 de Setembro é feriado há mais tempo. O dia da independência foi magistralmente descrito por Laurentino Gomes no ótimo 1822. Para quem não leu, o Grito dado por D. Pedro I foi menos épico do que o pintado por Pedro Américo (um quadro que, por sinal, é plágio). O querido monarca passou maus bocados na viagem de Santos para São Paulo e a Independência foi proclamada numa parada para uma cagada às margens do Ipiranga, hoje, um córrego sujo e esquecido.
Para mim e meus irmãos mais velhos, o 7 de Setembro é um dia de luto. Há 47 anos, perdíamos a nossa mãe vítima de uma doença que seria facilmente curável nos dias de hoje. Um adeus prematuro e traumático. Meus irmãos Jaime e Silvia ainda puderam conviver por mais tempo com Dona Stella. Eu não tive a mesma sorte. Ela se foi pouco menos de dois meses antes de eu completar quatro anos. Guardei raríssimas lembranças. Se Deus existe, no dia 7 de setembro de 1964, Ele estava de folga, havia descido para a praia ou coisa parecida. Desculpem-me se a brincadeira foi de mau gosto. A verdade é que minha fé Nele e nas religiões foi diminuindo ao longo dos anos.
Além da perda da minha mãe, a tríplice tragédia do título remete a outros dois fatos lastimáveis de 1964. Um deles, no Primeiro de Abril, que marca o início da longa noite da nefasta ditadura militar que abateu o país. A outra tragédia foi a morte da minha avó paterna no final daquele ano. Ou seja, no mesmo 1964, o meu pai ficou viúvo, com três filhos para cuidar e ainda ficou órfão de mãe. Não tive o prazer de conhecer o pai dele que morrera anos antes. O meu avô foi um grande homem que salvou a família ao ler o livro de Hitler antes da eclosão da II Guerra Mundial. Inteligente, tratou de tirar mulher e os cinco filhos da ameaçada Lituânia para vir ao Brasil recomeçar a vida. Sem esta decisão eu não estaria aqui para fazer mais uma crônica especialmente para a Hora da Abobrinha.
Lady Gaga (não), Paris Hilton (não), Justin Bieber (quem ?), Corinthians (sempre), mulher (sempre), rock (sempre), jazz (sempre), sertanejo (longe daqui), crônicas, baboseiras, bobagens, divagações, filosofias, conversas para bois (e vacas) dormirem, papos sem pé e sem cabeça, digressões, piadas, anedotas, observações, pílulas, sagas, prosopopeias...
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