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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Uma tarde no Bom Retiro

Como muita gente sabe, vivi a maior parte da infância e da adolescência no Bom Retiro. Como muita gente também sabe, até os anos 90 era um bairro predominantemente ítalo-judaico (ou judaico-ítalo para não ferir sentimentos étnicos). Os italianos e seus descendentes moravam na parte baixa até os limites com a Barra Funda e, logicamente, os judeus ocupavam  a parte alta que ia até as avenidas Santos Dumont e Tiradentes.
Como muita gente sabe, hoje, o Bom Retiro tem mais coreanos e latinoamericanos (nem tenho saco para ver se tem hifen ou não - veja na minha apresentação). Isso fez que muitas referências dos meus tempos de infância e adolescência só ficassem na memória.
Na tarde desta sexta-feira, voltei ao bairro para resolver problemas familiares. Apesar de não ser um sujeito popular, tenho bom sentido de observação (e uma boa memória).  Tirando uma ou outra pessoa, confesso que não reconheci a maioria absoluta dos passantes. Fiquei parado durante uns 10 minutos na r. Guarani em frente à Casa Menorah, que os mais velhos conheceram como Mercearia Dom Bosco ou do Seu Zé, e vi muitos coreanos, alguns bolivianos e quase nenhum judeu, além dos clientes da loja (BENO RECOMENDA).
Há uma sensação de abandono, de decadência e desvalorização, embora o bairro seja central, bem policiado (as sedes dos comandos da Rota e da PM estão na região), tenha os belíssimos Parque da Luz e a Estação e seu Museu da Língua Portuguesa (BENO RECOMENDA A VISITA) e uma oferta de gastronomias surpreendentes.
Na Praça Cel. Fernando Prestes, onde ensinei futebol aos meus coleguinhas do Scholem Aleichem (primário e ginásio inesquecíveis, hoje fechado), houve uma reurbanização bacana. Os prédios da Fatec foram restaurados ou estão sendo reformados, embora a Poli, onde moravam os estudantes carentes, esteja lamentável. Na frente do comando da Polícia Militar, perto da estação Tiradentes do Metrô, do Museu de Arte Sacra, do Teatro Franco Zampari (onde a turma da ECA deu um show nos primeiros Quem Sabe Sabe, da TV Cultura), há vários moradores de rua. Um problema social, ok, beleza e ninguém pra resolver.
A sujeira se espalha pela vizinha Afonso Pena, onde morei, mas também por outras ruas do bairro.
Imagino que o comércio da Zepa e das ruas Cesare Lombroso, Italianos, Silva Pinto, da Graça, Aimorés, etc seja um grande gerador de tributos. Só não vejo o retorno desse dinheiro no Bom Retiro. Ok, os caixas da prefeitura, do Estado e da União não têm rubricas neste sentido. Porém, o bairro atrai turistas e sacoleiros de todo o Brasil e merecia tanto cuidado como, por exemplo, a Oscar Freire. Só não peço que lutem pela independência do Bom Retiro, pois há o perigo de Evo Morales ou algum Young, Kim, Park anexarem aos respectivos países.

3 comentários:

  1. Faz um tempão q n passo por lá apesar de termos 3 aptos alugados (pra coreanos!!!),mas ainda adoro o lugar...tantas lembranças da r.Amazonas...do Scholem, dos amigos e dos passeios de bicicleta.É uma pena q esteja desta forma, pois a localização é boa e com aptos bem legais, espaçosos esperando uma bela reforma!
    bjo

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  2. Nao cresci no Bom Retiro, mas no Bairro que eu cresci também tive a tristeza de ver uma degradacao, um desambaro, um abandono visivelmente notável, os Tempos mudaram........

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  3. Nao cresci no Bom Retiro, mas no Bairro que eu cresci também tive a tristeza de ver uma degradacao, um desambaro, um abandono visivelmente notável, os Tempos mudaram........

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