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domingo, 8 de agosto de 2010

Cenas paulistanas de um Dia dos Pais

Para quem é pai como eu, é muito estranho passar essa data, independente do caráter comercial dela, longe do meu pai (que virou estrela em 1995) e das minhas filhas que vivem bem distante de São Paulo. Uma, em Ilha Solteira, na divisa com o Mato Grosso do Sul, e a outra, bem longe mesmo, na Austrália. Felizmente, o skype e o celular permitiram que tivesse contato com as duas neste domingo ensolarado. Assim, não passei tão apertado num dia que representa muito para quem tem o privilégio de ter um pai ou de ser pai.
Pieguices à parte, depois de uma semana gelada e feliz com a volta ao trabalho, nada melhor do que aproveitar para fazer exercícios físicos ao ar livre (fiz em recinto fechado nestes dias...). Como o futebol brasileiro ficou privado da minha arte no sábado pela manhã, sobrou para o ciclismo alguns 55 km pela cidade.
O bom do domingo é pedalar por ruas que normalmente são ruins para os ciclistas. Muitos ônibus, pedestres cegos, motoristas que não respeitam, etc. E entre as boas notícias, está a de poder usar faixa de moto sem motoboy. É o caso da Rua Vergueiro na direção da Praça da Sé.  Aliás, a Vergueiro é uma das vias mais doidas de se entender em SP. Para que não a conhecesse, ela vem da Anchieta,  cruza a Tancredo Neves, a Ricardo Jafet e vai embora para a Paulista. Só que invés de seguir como Vergueiro, vira Bernardino de Campos e vai como Vergueiro, como disse acima, até a Sé.
No caminho, vi coisas curiosas. Uma delas: o delegado Protógenes Queiroz, aquele que foi afastado quando investigava o banqueiro Daniel Dantas, é candidato a deputado.
A segunda: um virtuose do violão sentado na frente de um pet shop, na Avenida Liberdade (poético hein???), tocando para uma plateia invísivel.
A terceira: um clarinetista na Senador Feijó, no Centro, sentado no degrau de uma loja fechada. Quando passei, estava em horário de intervalo.
Quarta: os dezenas de sem teto dormindo numa tarde de domingo a menos de um quilômetro do local de trabalho (?) do sr. gilberto kassab.
Quinta: a democratização da sujeira. Pedalei 55 km - Saúde, Vila Mariana, Liberdade, Centro, Santa Cecília,  Higienópolis, Pacaembu, Sumaré,Vila Madalena, Vila Beatriz, Alto de Pinheiros, Vila Leopoldina, Vila Romana, Lapa, porcódromo (região onde fica o desativado estádio do time que não ganha de ninguém, tendo o sr. Felipão de treinador) - , e constatei o que até um deficiente visual percebe (a menos que não tenha olfato). A cidade tem lixo em tudo que é lugar. O Minhocão devia mudar para Mijódromo. Sem falar os donos de cães, que  são incapazes de recolher o maluf (pode ser outro político, a escolha é sua) do chão.
Sexta: sei que nas lojas coreanas de roupas femininas do antigo bairro judaico do Bom Retiro, não é permitido experimentar roupas. Pois bem, precisava comprar sandálias daquela marca famosa que diz que não soltam as tiras (mentira, as minhas soltaram e arrebentaram, por isso fui atrás de uma  nova). Fui à loja de fábrica, a Meggastore do Shopping Santa Cruz. Primeira dificuldade - não tem vendedor ou alguém que descubra as sandálias no meu número. E quando acha, elas estão num lugar que só é possível pegá-las de rapel. Depois, o problema é encontrar um banquinho para experimentar. Sou das antigas. Do tempo que qualquer loja de calçados tinha cadeiras, calçadeira, etc. Tudo bem, a ideia é de um outlet. Só que até o mais vagabundo dos outlet tem lugar para experimentar calçados. O único da tal meggastore é um estrado com capacidade para cinco, seis pessoas no máximo. Numa loja lotada de gente, é uma ideia de jerico. Não vou me alongar no assunto, mas para experimentar as sandálias,  me apoiei numa estante, fechei o caminho de outras pessoas com a minha mochila e fiquei descalço. Prático.

Um comentário:

  1. Beno, adoro a forma como vc. escreve e descreve seu trajeto, suas paisagens, seus passeios.
    É agradavel, divertido e leve.
    Parabens.
    sueli

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