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sábado, 21 de agosto de 2010

Andando nas ruas do Centro

Faltam menos de duas semanas para voltar a uma rotina que pensei que encerraria este mês. De novo, vou precisar mandar currículos, implorar trabalhos, etc.
Enquanto isso, aproveito meus últimos dias de trabalho na RIT Notícias para  flanar nas ruas do Centro.
O título desta postagem deve ser cantado com o sotaque falso argentino do Próspero, grande figura de uma inesquecível e subestimada banda paulistana chamada Joelho de Porco.
Nesta sexta-feira ensolarada e seca (a tarde mais seca do ano, umidade relativa do ar nos 18%, rinite acelerada, ar condicionado no máximo em cima da minha cabeça e depois, Beno é isso, Beno é aquilo, Beno tem que ser um cordeirinho, engolir todos os sapos, cala-te boca Beno!), andei pela imunda av. São João, que nem com os caminhões-pipas da prefeitura, consegue ficar limpa. Mas eu gosto dela assim mesmo.
Os malucos vendem pulseirinhas. A Galeria do Rock ferve. Do outro lado, uma pequena portinha comercializa tudo (quase tudo, acho que não vende kaya por lá) que diz respeito ao reggae. Em cima da Casa da Mortadela, sobrevive a academia de halterofilismo. Uma vez, cismei de me matricular numa aula de Karatê. Não me lembro porque desisti.
Na frente, o Rei do Mate, matriz de uma franquia copiada à beça, mas que é imbatível.
O Bar Avenida não existe mais. Nem o pernil que tantas vezes matou minha fome da madrugada.
O Bar Brahma virou coisa de grã-fino. Um nojo. Seguranças, cercadinhos e adeus ao tempo que qualquer um entrava lá para tomar chope rapidinho.
O trânsito na avenida é caótico. Precisa ser muito esperto para não avançar na contramão. Os pedestres, bem os pedestres, danem-se os pedestres.
Multicultural, é possível passar por uma família de latinos (bolivianos? peruanos? Nem o Chávez sabe a diferença) e por magotes de nigerianos, que passam horas nos bares e sabe como sobrevivem. Tráfico? Maldade, preconceito. Porém, como podem trabalhar por aqui se falam dialetos ?
Um espetáculo à parte é o desfile de travestis e putas. Fellini teria dificuldade para escolher os figurantes.
Hoje, passou um candidato num estranho veículo, que parecia uma carreta puxada por um triciclo, transportando um helicóptero fake ! No som, Maluco Beleza, do Raul. Em seguida, outro triciclo extended.
Saio à noite, entre as várias propriedades do pastor R. R. Soares, um centro de umbanda, que passo no exato momento que baixa o santo.
Vejo o saudoso Cine Metro, onde fui barrado com uma ex-namorada no filme Sequestro do Metrô, por ela não ter 14 anos. A película estrelada por Robert Shaw, o caçador de tubarões do filmão do Spielberg, não tem absolutamente nada censurável. Um zelador que mata alunas de uma escola no Paraná ou um pai que joga a filha de uma sacada são mostrados em rede nacional. Hoje, o cinema virou teatro do pastor. Em volta, vendedores de churrasquinhos, de bijuterias, de qualquer coisa.
Passo no Largo do Paiçandu e um homem dorme enrolado num cobertor.
Em frente ao Anhangabaú, uma roda de samba celebra a alegria do fim do expediente. O meu também terminou. Vou dormir.

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