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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

À espera de 2011

Escrevo aos 19 minutos de 31 de dezembro de 2010. Até há pouco, trabalhava no computador e vou confessar que estava feliz por isso. Há um ano, estava desempregado e deprimido com a situação. Hoje, só posso desejar um 2011 tão bom para todos quanto 2010 foi pra mim, principalmente, o segundo semestre.
31 de dezembro me lembra a Corrida de São Silvestre. Adorava quando era uma prova noturna. Os competidores passavam perto do saudoso Redondo, na frente do Teatro de Arena, e nós, com copos de bebida na mão, é claro, "incentivando" os atletas a pararem de correr e vir beber com a gente. Ríamos muito com a fauna que participava da Corrida. Era uma verdadeira festa popular para a cidade, que a Globo fudeu ao passar para a tarde e virar um programa de TV. Não se trata de saudosismo. É que pude comparar as duas situações. Talvez eu seja o último romântico...
Uma antiga chefe de redação da Record, hoje, fumando e contando fofoca no céu, me ferrou nesta época. Duas vezes. Na primeira, eu, na qualidade de editor de esportes, passei o 31 de dezembro para editar a corrida. Detalhe: as outras emissoras, exceto Globo e Gazeta, tem restrições de uso de imagens da prova propriamente dita. Então, o cinegrafista foi orientado para pegar a largada e a chegada. O resto seria perfumaria para encher a matéria. A fita (na época, era usado este objeto arqueológico) chegou à redação, com uma pecularidade: o Spielberg das imagens "esqueceu" de filmar o vencedor. São estes momentos que me fazem deixar a humildade de lado e ver que tenho alguma competência. Consegui salvar a obra. Terminado o jornal, num gesto raro da minha vida profissional, pedi que o cinegrafista fosse vender laranja na feira, astronauta ou ser cafetão, qualquer coisa que não precisasse usar uma caríssima câmera, que nas mãos dele não tinha serventia.  Minha chefe, maternalmente, botou a mão na cabecinha do elemento, que sequer foi advertido.
No ano seguinte, por justiça e uma regra não escrita e sagrada nas redações, folgaria no 31 de dezembro. Folgaria. A chefe, que Deus a tenha, que não era judia, mas era casada com um judeu, falou que eu, judeu como o marido, não comemorava a data e, por isso, trabalharia normalmente. Ah, ela também lembrou que aconteceria uma tradicional corrida de rua em São Paulo e que o editor de Esportes, por ser especialista no assunto e não havendo ninguém além dele para isso, seria o responsável pela edição. "Feliz" da vida de ter perdido a chance de desfrutar um réveillon longe de SP, relaxei e trabalhei. Outro cinegrafista foi incumbido de fazer a largada e a chegada.
Recebo a fita e tenho a desagradável surpresa do gênio das lentes ter acompanhado o segundo colocado, africano como o vencedor, achando que era o campeão da São Silvestre. E lá vou eu para a ilha de edição salvar a matéria. Depois do jornal, duplamente feliz por não ter folgado e ter ficado um pouco mais careca para resolver a bomba deixada pelo cinegrafista, reclamei para a chefia. Mais uma vez, nada aconteceu.
Ah, sim, fui incluído num corte coletivo de pessoal, em janeiro, sendo meus colegas e eu avisados da demissão por telefone, num domingo à noite!
Bem mais legal foi fazer de bicicleta o percurso da São Silvestre em 31 de dezembro de 2009, debaixo de sol, na hora do almoço. Boa parte ainda não tinha sido bloqueada ao trânsito, mas deu para perceber que todos que completam a prova são merecedores de aplausos. A subida da Brigadeiro é um castigo até para quem pedala. Lembro que ainda fui até o Parque Villa-Lobos e dei a grata sorte de começar o contato que levaria à compra de um apartamento na região pra minha família.
2010 foi bom demais pra mim, independente da falta de títulos pro Timão (bem, ganhamos no futsal, na F-Truck, na Musa de algum campeonato, no futebol de mesa, um novo estádio que vai abrir a Copa) e dos governos federal e estadual que vem por aí, com aumentos e novas sacanagens. Não podemos contar com eles. Por isso, abra o seu próprio caminho e invista na qualidade de vida. Tudo é consequência dos nossos atos ou da nossa inação. Cabe a você decidir se quer ou não ser feliz. Eu já me decidi: Feliz 2011 pra todos!


 

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