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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dicas de ciclismo de um ciclista amador

Quem me acompanha pelo blog ou pelo Facebook já sabe que sou um cicloativista ou ciclista militante (escolha o rótulo, embora esteja bem longe de ser uma Renata Falzoni, de quem sou fã). Se pudesse e o tempo deixasse, faria tudo de bicicleta. No último mês, fui e voltei do trabalho várias vezes com este meio de transporte. Moro na Saúde e se fosse pelo trajeto Jabaquara-Domingos de Morais, Bernardino de Campos e finalmente a Paulista, pedalaria cerca de 15 km (ida-e-volta). Mas, preferi o caminho mais longo e menos suave (não menos perigoso) da José Maria Whitaker, Parque do Ibirapuera, Brigadeiro Luiz Antonio ou Al. Campinas até a Paulista, sendo que na volta, eu esticava até a Indianópolis na altura da Afonso Mariano Fagundes até a minha residência de verão. Dá uns 23 km.
Os dois percursos assustam os menos experientes ou em má forma física. A subida da Brigadeiro (ou da Al. Campinas) exige um condicionamento que não é para qualquer um. A geografia é secundária perto da falta de educação de motoristas e de atenção dos pedestres. Sem contar os buracos e outros acidentes do asfalto digno de rali das ruas de São Paulo e as calçadas em péssimo estado.
O bom da história é que percebi o aumento no número de pessoas que se locomove de bicicleta, não só por lazer como também para trabalho. Falar das qualidades desta ferramenta é tão fácil quanto elogiar uma top model.  Não polui, é silenciosa, faz bem pra saúde, permite utilizar caminhos alternativos e até (é errado, mas...) a contramão, manutenção barata e dispensa despesas de combustível e de estacionamento.
Pedalo desde os 7 anos quando ganhei a primeira bicicleta e também sofri o primeiro acidente diante de uma árvore, que insistia em não sair da minha frente. Ou seja, faz 43 anos que utilizo uma magrela. É claro que, a minha experiência não pode ser comparada a de um iniciante nem com a de um profissional. Diariamente, ouço amigos ou mesmo estranhos que gostariam de ter a mesma atitude que tenho, mas não tem coragem. É para eles que darei algumas dicas.
Escolha uma bicicleta adequada ao seu porte físico. Regule o selim na altura do quadril. Nada de bater os joelhos no guidão. As pernas precisam estar estendidas quase ao máximo para que o ciclista não reclame de  dores nos joelhos ou nas panturilhas. Pedale com a ponta dos pés, não com a sola. Vai sentir diferença na hora de fazer força e vai evitar possíveis lesões musculares.
São Paulo não é uma cidade amigável para o ciclista. Raros são aqueles que têm condições de evitar ladeiras. Não tenha medo de encará-las. Prefiro subir. A velocidade fica mais lenta e são maiores as chances de responder a um imprevisto como um motorista que cruza uma preferencial alheio a uma bicicleta, o que obriga a uma freada mais brusca. Na descida, o risco de acidente é maior. Já sofri uma queda horrorosa ao levar uma fechada de uma motorista e bater com tudo no asfalto irregular (tempos da prefeita e hoje, futura senadora Marta Suplicy - se ela fizer no Congresso o que fez pelas ruas de São Paulo, estaremos ferrados). Capacete, piscas na frente e atrás são de uso obrigatório e falo nisso independente de lei ou norma das autoridades de trânsito. Luvas, sapatilhas, óculos e outros equipamentos de segurança são importantes, mas as prioridades devem ser sempre o capacete e as luzes de sinalização. Evite roupas escuras principalmente à noite. Como ente mais frágil (só perde para o pedestre) no trânsito, é fundamental ser visto pelos outros motoristas. Nem que um corinthiano tenha que usar aquele verde horroroso daquele time que não quer nem falar. A moda para o ciclista deve ser tão chamativa quanto a de um transformista.
Uma bicicleta de 18 ou 21 marchas é o suficiente. A troca das marchas é fácil de aprender. Qualquer vendedor tem condições de dar as orientações necessárias. Geralmente, ele próprio é ciclista, seja o vendedor das grandes lojas de esportes(Decathlon, Centauro, etc) seja obviamente o das bicicletarias. Os sistemas de câmbio estão cada vez mais eficientes, o que evita, por exemplo, ter problemas com a corrente.
No começo, prefira ruas mais calmas, os parques ou as raras ciclovias (a da Marginal Pinheiros é razoável. Assim, como no trânsito de carros, se não for veloz ou só estiver admirando a paisagem poluída do rio, deixe a pista da esquerda livre para os mais experientes). Se não der para ir durante a semana, saiba que nos fins de semana, o movimento nos parques, não só de ciclistas, mas de pedestres é maior. Na ciclovia, você vai esbarrar com crianças, pessoas de idade e mulheres. Nos parques, com pedestres distraídos que não olham que estão ocupando as faixas demarcadas para a bicicleta. Nada de apostar corridas. Pedale com prazer e lembre-se de poupar energia para os aclives. Assim, como quem sonha em fazer uma maratona, comece pedalando por períodos curtos. No início, mesmo com um selim confortável, vai sentir dores na região pélvica. Com o costume, elas desaparecem quase que imediatamente. Um computador de bicicleta (coisa de, no máximo, R$ 100) indica a quilometragem. 15 km em 1h é uma carga legal para um iniciante.
Pelo Código de Trânsito, é proibido trafegar de bicicleta nas calçadas, mas nunca vi um guarda aplicar uma multa. Use o bom senso. Nos calçadões do Centro, diminua a velocidade e redobra o cuidado. Lembre-se que as vias são destinadas principalmente aos pedestres. Em vias movimentadas ou com muitos ônibus, como a Brigadeiro Luiz Antônio, é inevitável pedalar nas calçadas. Ainda de acordo com o Código, os veículos precisam ficar, no mínimo, a 1,5 m do ciclista. Muita gente nem sabe disso. O motorista que dá fechada ou dirige bem próximo da bicicleta é um assassino em potencial. Também, nunca vi um guarda multar algum animal no volante que gosta de tirar fina do ciclista.
As estradas, as grandes avenidas e as Marginais são para os mais experientes. Enquanto não tiver coragem de encará-las, não tenha vergonha de andar nas calçadas ou de desmontar da bicicleta para atravessar as ruas mais perigosas. Você não é o Alberto Contador nem o Lance Armstrong, que precisa cumprir metas volantes ou disputar a camisa de campeão do Tour de France.
Entre para grupos para os Night Bikers ou coisa parecida (hoje, boa parte das bicicletarias organiza passeios noturnos). Além de ser um jeito seguro de pedalar à noite, é uma chance de fazer amizades e perder um pouco do medo da bicicleta na cidade.
Pedale numa boa. Se for possível, leve uma câmera fotográfica. Vai conhecer lugares, que se fosse de carro, por exemplo, não daria a menor bola. Voltarei ao assunto.
Bom passeio.

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