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terça-feira, 6 de março de 2012

Repartições públicas

Um dos meus maiores medos é precisar de algum serviço público. Polícia, Detran, cartórios, Receita Federal, bancos estatais e SUS estão na vanguarda destes temores. O Poupatempo centraliza várias repartições, o que não significa agilidade e rapidez na prestação de serviço à população.
Comentei o assunto com amigas. Uma delas é vizinha da sede do Incra, em São Paulo. Já passei por lá e vi gente do MST acampada no local, que fica no bairro diferenciado de Higienópolis. O que não sabia é que lá dentro tem mesa de tênis de mesa e  pilhas de papeis acumuladas ao lado de funcionários mais preocupados em jogar paciência. Sem falar do Incra ocupar uma área caríssima e distante das principais regiões do estado, como o Pontal de Paranapanema, onde reforma agrária é tema prioritário.
Esta semana, fui à belíssima Biblioteca Mário de Andrade e não pude renovar um livro por estar com o cartão vencido. Detalhe: na penúltima visita, não fui informado sobre isso pela funcionária que carimbou a devolução para a próxima quinta-feira, 9 de março. Para quem não conhece o sistema, a BMA, como é mais conhecida pelos frequentadores, pede comprovante de residência, documentos de identidade e, se bobear, a cor do traje íntimo no momento da inscrição. Expliquei para a funcionária, que ela tinha todos os meus dados e que não costumo portar comprovante de residência quando saio às ruas. A biblioteca fica a 10 km da minha residência. Venho de bicicleta. Pedi para ela fazer um novo cartão, que me permitisse levar mais um livro. Na próxima visita, prometi trazer o tal comprovante. Negativo. Ordens são ordens, resposta clássica também utilizada em outra dimensão bem mais dramática, pelos soldados nazistas.
A mesma biblioteca, que tem um acervo que merece a visita (e a leitura), mantém dois funcionários para uma função absolutamente dispensável. Para guardar os pertences dos visitantes, um anota os dados de identificação e o outro coloca num armário e dá a respectiva chave. Acredito que eles devem até ter feito concurso público para tal nobre tarefa e, é claro, que recebem por isso. Como contribuinte diria que é dinheiro jogado fora pela administração pública.
Outro exemplo de estupidez (e desperdício de dinheiro público): aos domingos e feriados, a prefeitura monta um esquema de cones e coloca monitores ao longo da ciclofaixa. Estes ficam nos cruzamentos, com bandeirinhas, com as quais controlam o fluxo de ciclistas. No meu caso, que sou mais experiente, acho que eles só atrapalham. Sinal vermelho para os ciclistas. Os veículos estão bem longe ou nem passam por ali, mas os monitores insistem em fechar o tráfego dos ciclistas com suas bandeirinhas. Saio por fora e vou embora. Os monitores são tão dispensáveis quanto os funcionários que guardam as bolsas dos visitantes da biblioteca.   Fora algum maluco, que é exceção, a maioria dos ciclistas vai respeitar o sinal vermelho em cruzamentos perigosos como o da Juscelino ou da Santo Amaro. Mais importante é colocar os cones delimitando a área da ciclofaixa. Aliás, skatistas e pedestres não estão nem aí com o trânsito de bicicletas e não são orientados a sair dali, assim como os novatos que ocupam os dois lados, impedindo que quem corre mais tenha uma faixa livre.
Para fechar, meu solene protesto aos gênios da CPTM, Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, administradora da Ciclovia da Marginal Pinheiros. No último domingo, que teve temperatura na casa dos 30 graus, não havia água nos bebedouros de uma das pontas da ciclovia, perto de Interlagos. Percorri 14 km sem uma gota de água na garrafa por causa disso. Os acessos são poucos e, um deles, o da Vila Olímpia, é mal feito. Apesar das calhas estreitas para posicionar a bicicleta, o usuário precisa vencer vários lances de escada e não pode pedalar na passarela. Para quem está exausto, é uma arquitetura insana. Nas novas passarelas, que aí alguém mais inteligente transformou os degraus em rampas, tem a mesma proibição estúpida da passarela da Vila Olímpia - o ciclista precisa desmontar da bicicleta e levá-la na mão.  Ora, se a medida foi tomada por questão de segurança, pela lógica da CPTM (que entende só de trens), os ciclistas também deveriam utilizar a ciclovia desmontados das suas magrelas.

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