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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sobre RRRRRRRRRRRRRRRonaldo

Desde ontem (domingo, 13 de fevereiro de 2011), a notícia do fim da carreira do Ronaldo Fenômeno já era conhecida. Nesta segunda-feira, ela foi formalizada de modo comovente. Ao lado de dois filhos (Alex quase roubou a cena), Ronaldo anunciou a despedida e só agora revelou que sofre de uma doença na glândula tireóide. Acho que se falasse antes, certamente, seria poupado das piadinhas sobre barriguinha, excesso de peso e coisas similares. Também acho que parte da torcida corinthiana pegou pesado e acelerou uma situação que só precipitou na aposentadoria. Sair da Libertadores foi demais para a Nação Corinthiana, mas Ronaldo e Roberto Carlos deixaram o clube na mão de uma forma até covarde. O Timão terá um 2011 terrível se não conseguir títulos. Apesar da marca poderosa, corre o risco de entrar em 2012 com menos dinheiro de patrocinadores. Uma pena, pois era um case de marketing que merece atenção até da revista Exame.
Futebolisticamente falando, Ronaldo foi um dos mais inteligentes jogadores que vi em campo. Quem joga ou já jogou futsal sabe muito bem o que estou falando. Geralmente, é um jogador acima da média, pois precisa decidir rápido e em pequeno espaço. Também precisa aprender a marcar e a se colocar. Obviamente, o gol menor obriga o salonista a ter uma precisão maior no chute. A bola mais pesada faz com que a finalização seja mais sutil do que a do futebol de campo. A rapidez dos lances é motivo para aprender a usar as duas pernas, principalmente nos chutes. Ronaldo é menos habilidoso que o Falcão do Santos, mas com a força física que tinha e que foi aprimorada na Europa (talvez com uso de anabolizantes, isso nunca ficou provado), e a intelîgência de craque, fez uma transição bem sucedida e precoce para o campo, ao contrário de Falcão, que além de ter ido tarde, foi boicotado pelo então técnico do São Paulo, o "genial" Émerson Leão.
Ronaldo foi para o futebol de campo, com uma técnica que falta aos jogadores das equipes de base, com as raras exceções.Aquela coisa que dominar todos os fundamentos. Ele só era ruim para cabecear. É bom lembrar que são raros os gols de cabeça no salão. Quem não souber passar uma bola ou dominar um lançamento, aconselho a procurar outro esporte.
O espaço que ganhou para as arrancadas era um verdadeiro latifúndio para quem jogava futsal. O Fenômeno tinha um respeito das defesas e uma certa complacência da arbitragem, que garantiram  uma sobrevida no futebol. As graves lesões que sofreu nos joelhos são provas disso. Ele se machucou sozinho ao fazer movimentos que as pernas não obedeceram. Elas já estavam detonadas pelo excesso de jogos.
Conheci o Ronaldo num evento para a imprensa, em São Paulo. Tímido, humilde e educado. É difícil para um rapaz que veio do subúrbio do Rio, com pais separados, encarar a fama aos 17 anos. Aos 18, já era rei de Eindhoven, na Holanda! Muita grana, mulherada em volta, é até compreensível o que passou.
Não acho que foi o melhor 9 da seleção. Nesta posição, gostava mais do Tostão, do Reinaldo e do Romário. Mas, Ronaldo foi o mais eficiente. Deveria já ter jogado mais na Olimpíada de Atlanta, que acompanhei de perto a primeira fase, em Miami. Só o Zagallo não percebeu o prodígio que deixou no banco de reservas na maioria dos jogos. Em 94, era mais complicado tirar Romário e Bebeto. Porém, Parreira, um grande retranqueiro, poderia ter ousado mais e colocado os três juntos. 98 deveria ter sido a Copa de Ronaldo. Faltou culhão para o Lídio Toledo e ao Zagallo não escalarem o artilheiro na final. Não sei se venceríamos a França, mas quem passa por uma convulsão acha que está tudo bem. Quem viu a situação ficou chocado e entrou mal em campo. O Edmundo tranquilizaria a equipe. Com o Ronaldo em campo, os demais jogadores prestaram mais atenção na reação dele do que no jogo. Tomar dois gols de cabeça do Zidane é dose. Faltou um pouco mais de psicologia à direção técnica.
2002 foi aquela alegria. Ronaldo foi o artilheiro, mas Rivaldo, o grande jogador do Brasil. 2006 foi aquela farra e pagamos pela desorganização da CBF e pela falta de pulso do bundão do Parreira.
Ninguém imaginava o Fenômeno no Timão. E dá-lhe piada. Quando a coisa ficou séria, foi a primeira vez que o Corinthians ganhou uma mídia mundial. Deixou de ser um clube provinciano. Acho até que aproveitou mal a projeção. Poderia jogar na Europa, nos EUA e na Ásia e ganharia mais do que se ficasse disputando o Paulistão, por exemplo. Enquanto teve forças, o jogador foi espetacular. Atraiu a mulherada, os torcedores dos outros times e correspondeu na maioria das vezes. Foi fundamental na Copa do Brasil e no Paulistão de 2009. Faltou pouco para encerrar a carreira como campeão brasileiro. Aí a culpa é do sr. Tite, que armou mal a equipe, e da diretoria, que vendeu jogadores na hora errada e comprou jogadores errados.
Por tudo isso, obrigado Fenômeno.

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